Em uma rede social, o filósofo e analista político Aleksandr Dugin comentou os protestos na França, protagonizados pelos chamados gilets jaunes — os Coletes Amarelos.
Dugin, seguindo o padrão argumentativo já exposto em seu artigo A Anatomia do Populismo e o Desafio da Matrix, pontuou que os protestos na França não se resumem a uma luta pontual contra o aumento do preço dos combustíveis. Trata-se, mais profundamente, de uma revolta generalizada contra a “hegemonia global”.
“Os Coletes Amarelos não protestam contra a subida dos preços da gasolina, mas contra a hegemonia global, incorporada numa elite que despreza radicalmente o próprio povo”, afirmou o filósofo russo, que considera Macron como o “símbolo mais puro” de tal elite.
Dugin ainda comentou a possibilidade de protestos semelhantes ocorreram também na Rússia: o que ele considera improvável durante o mandato do atual presidente Vladimir Putin. Segundo Dugin, a consistente política externa multipolarista de Putin, parcialmente alinhada a países antiglobalistas (como Síria e Irã), significa que o presidente russo abandonou o eixo da hegemonia global, algo que é amplamente reconhecido por todos, inclusive pelos críticos mais ferrenhos de sua política interna. No entanto, após Putin, caso seu sucessor não altere a estrutura de poder da elite russa, convertendo-na em uma elite patriótica, esse quadro pode mudar e “os Coletes Amarelos podem chegar aqui também”.
Para o filósofo russo, os gilets jaunes são “populistas de direita e de esquerda, ou seja, o próprio Povo. Aquele que se coloca contra o Povo, cedo ou tarde pagará o preço”.