1. Era moderno e estava vinculado a conceitos atados à Filosofia do Iluminismo: o que é absolutamente incorreto — a modernidade é o Mal e a falsidade. Era, portanto, uma teoria política moderna. Muito melhor que outras teorias políticas modernas, mas ainda assim moderna. Essencialmente.
Em todos os seus aspectos não-modernos, anti-modernos e pós-modernos, no entanto, não se equivocava.
2. Era eurocêntrico. Qualquer grupo étnico (fundamentado na noção de um “Nós”) é etnocêntrico. Trata-se de algo razoavelmente normal. Porém, ser eurocêntrico na Europa Moderna é o mesmo que ser anti-europeu — já que a modernidade europeia não é verdadeiramente europeia. Ser eurocêntrico na Europa Moderna e, simultaneamente, ser contra todas as outras sociedades (não-europeias), julgando-as como atrasadas e sub-humanas, significa ser anti-tradicional. A convocação ao retorno às raízes europeias (germânicas e indo-árias) foi algo legítimo e bom. Porém, a oposição da identidade profunda da Europa às identidades de outras sociedades (muito menos modernizadas que a Alemanha do século XX) foi absolutamente reprovável e injustificada.
3. Se baseava em um micro-nacionalismo. Deste modo, temos alemães contra franceses, eslavos e assim sucessivamente. Isso era um erro e muitos pensadores alemães e combatentes que apoiavam Hitler se posicionarem contra tal posição (incluindo Leon Degrelle, por exemplo). O nacionalismo alemão ou italiano é uma questão essencialmente insignificante. O indo-europeu (indo-ário) tem outro sentido (muito superior). A Sagrada Tradição e o Terceiro Império do Espírito é a Terceira Questão, a mais importante. Se o micro-nacionalismo aceita estar incrustado no contexto indo-europeu, ele é bom. Quando faz questão de afirmar as diferenças internas, é mau. O mesmo vale para a civilização indo-europeia: é correto reconhecer seu caráter sagrado (Tradição), mas inaceitável e ilegítimo concebê-la em si mesma e como um fim em si.
4. Atacou a primeira e a segunda teorias políticas ao mesmo tempo. Essa foi a razão principal de sua derrota estratégico-militar. No plano ideológico, também foi a causa de sua derrota intelectual. A regra (definida explicitamente na Quarta Teoria Política) é que o ataque contra o comunismo é válido e legítimo somente após a vitória comum sobre os liberais. Geopoliticamente falando, a Terra vence o Mar e só depois suas partes decidem quem será, de fato, o Heartland. Se a luta interna se inicia antes da vitória sobre a Primeira Teoria Política (o capitalismo e o império talassocrático anglo-saxão do dinheiro e da mentira), ou inclusive se os comunistas são declarados os inimigos primários ao invés dos liberais, o fascismo ajuda os liberais a ganhar e empurra os comunistas para o lado do mal maior. Nesse sentido, o fascismo estava absolutamente equivocado.
Esses quatro pontos são fatos negativos essenciais. Há outros menos importantes, em termos teóricos. Houve nele, igualmente, alguns elementos positivos: o anti-capitalismo, o anti-materialismo, assim como outros traços anti-modernos. Isso é válido para o verdadeiro fascismo histórico, com todos seus terríveis e fascinantes (para alguns) aspectos. Hoje, não obstante, o “fascismo” consiste apenas em seus pontos débeis e perversos. É totalmente redutível a estes quatro pontos: é moderno (como também o é o conceito de Nação); eurocêntrico; chauvinista e primeiro anticomunista, e só depois (demagogicamente) crítico do liberalismo. Reúne todos os pontos débeis do fascismo histórico e está totalmente desprovido de qualquer coisa positiva. É por essa razão que não passa de uma caricatura. É por esse motivo que deve ser superado e transcendido. E é por isso que serve apenas como uma arma secundária nas mãos dos liberais (assim como os neo-esquerdistas, os alter-mundialistas e os eco-palhaços: todos igualmente títeres dos amos capitalistas).
O fascismo está semântica e historicamente esgotado. Seus restos são uma auto-paródia. Isso nos motiva. Vamos dar um passo adiante. A ordem da destruição (e da desconstrução), logo, se converte agora em uma dogmática:
Primeiro: contra o liberalismo.
Segundo: quando os liberais estiverem mortos, é claro, vamos liquidar o marxismo-materialista (os críticos principiais do mundo moderno — segundo Guénon — substituirão os críticos radicais do capitalismo — segundo Marx). Em outras palavras, quando a oligarquia mundial repousar sobre suas ruínas, precisaremos acertar as contas com os vermelhos. Porém, antes desse ponto, somos aliados. Aqueles que convocam uma luta primeiro contra a esquerda, são traidores. A luta primária é contra o inimigo verdadeiro.
Terceiro: quando não houver mais liberais, nem oligarquia global, não haverá mais marxistas com seus materialismos estúpidos e seus determinismos mecanicista; com seu proletariado imaginário ou, pior, com suas “multidões”; com seu igualitarismo incondicional; com seus “intelectuais” pervertidos mentalmente e com sua “arte degenerada”. E então, finalmente, exterminaremos também os idiotas neonazis. Só então: não antes.
Contudo, se qualquer pessoa, proveniente destes três campos ideológicos, mudar de mentalidade, aceitando nossa lógica e nossa Quarta Via, será cordialmente bem-vindo.
É quase impossível passar da Primeira Teoria Política à Quarta. É como nascer de novo.
É muito difícil passar do comunismo à Quarta Via. Porém, o ódio ao capitalismo e a descoberta da própria identidade étnico-cultural, assim como o sentimento anti-imperialista, anti-hegemônica e o amor pela justiça podem ajudar muito nesse sentido. Neste caso, os comunistas, especialmente os nacional-comunistas, são bem-vindos.
É muito mais fácil para os ex-fascistas darem o passo adiante, sobre a base de uma fria análise geopolítica e ideológica da história intelectual e política do século XX, e se unirem à Quarta Via. Porém, se não dão esse passo, a culpa de não o fazer é pior que a atitude obstinada dos comunistas ou liberais inamovíveis. Eles pertencem ao passado. Porém, se aqueles que realmente sonham com o futuro perdem a oportunidade histórica, não haverá misericórdia. Serão destruídos por último, mas seu crime será maior. Deverão ser considerados como traidores da nossa luta.
O problema é que o Sr. Dugin, como cabalista assumido que é, faz uma confusão entre conceitos do fascismo italiano e do nacional-socialismo, bem como repete clichês da propaganda dos aliados, que é basicamente o discurso “mainstream” da “historiografia” atual sobre a segunda guerra mundial. Lembrando também que a União Soviética estava junto com os atlantistas contra a terceira posição, e a revolução russa foi bancada com dinheiro de Wall Street.
No fim das contas alianças “vermelho-marrons” são impossíveis, dado que o fim último dos vermelhos é o mesmo dos neoliberais: Um governo global comandado por uma pequena elite pseudo-aristocrática, materialista e tirana (não é atoa que próprio Dugin reconhece que é melhor os “nacionais-comunistas”). Sejam eles burgueses ou burocratas do “partidão” (que na prática serão os donos dos meios de produção a nível global).