As nações e tribos indígenas brasileiras sempre despertaram o interesse dos antropólogos. Desde o início do século passado, estudiosos têm tentado contatá-las para estudar suas origens, culturas, crenças, costumes, etc. Hipoteticamente, tudo é feito sob o véu da neutralidade. Mas a História demonstra que não é bem assim.
Nos anos 60, diversos antropólogos estudaram os ianomâmis. E em meio a essas incursões, determinadas tribos chegaram a ser submetidas a genocídios – tomemos, por exemplo, o caso do antropólogo Napoleon Chagnon, que infectou determinados nativos com sarampo propositalmente, como parte de um “experimento”.
Absurdos à parte, porém, é outro antropólogo que merece nossa atenção aqui: Jacques Lizot, antropólogo francês, autor de um dos principais trabalhos já escritos sobre os ianomâmis.
Em seu ensaio, entre outras coisas, Lizot afirma que, entre os ianomâmis, o homossexualismo era um fenômeno comum, especialmente na juventude. Ele comparava os ianomâmis a bonobos, que, segundo ele, servem-se do “sexo livre” para aliviar tensões biológico-libidinais. O que só foi descoberto muito após seus trabalhos em campo, não obstante, é que Lizot foi um homossexual e pedófilo, que, através de subornos e presentes, manteve um harém de crianças e adolescentes ianomâmis durante seu período de “pesquisa”.
O comportamento de Lizot despertava repugnância, desprezo e ódio entre os ianomâmis, mas seu acesso fácil a recursos de todo tipo garantiu que ele conseguisse, literalmente, controlar uma aldeia inteira, em um causo que parece ter saído do livro Coração de Trevas, de Joseph Conrad.
Em suas “pesquisas”, Lizot projetava todos os seus vícios burgueses sobre os ianomâmis. Tudo que habitava sua mente e coração, ele “encontrava” nos indígenas: masturbação, homossexualismo, bissexualismo, incesto, sodomia. Ausente de suas obras, porém, está qualquer evidência material ou até mesmo a voz indígena: não há qualquer entrevista feita com qualquer ianomâmi em suas obras, apenas a típica visão do colonizador europeu progressista, evidência clássica do “imperialismo de esquerda”. Em outras palavras, europeu lançando livros e falando a respeito do que os ianomâmis são ou deixam de ser, sem fornecer qualquer perspectiva ou oportunidade de fala aos próprios ianomâmis. Infelizmente, as obras de Jacques Lizot sobre os ianomâmis ainda são tidas como literatura básica no assunto.
Cabe frisar que tudo isso não é uma realidade restrita ao passado. Já tendo corrompido os costumes europeus e americanos, o progressismo humanitário, a máscara arco-íris do imperialismo, quer agora fazer o mesmo com as tribos indígenas. Vozes de “antropólogos” se levantam por toda parte, defendendo que o homossexualismo era comum nas Américas antes da chegada dos colonizadores, e que foram estes que inventaram a “homofobia”.
Exemplo recente foi o de uma página progressista, supostamente acadêmica, que levantou essa tese. Vários indígenas, no entanto, forjaram objeções em tempo real, afirmando e insistindo que o homossexualismo era alheio às suas nações e identidades, e que o que os progressistas estavam tentando fazer era um novo tipo de colonialismo – que a pureza de seus povos estava sendo maculada por ideias estranhas, que colocavam em risco a sua própria existência. De fato, devem ser questionadas as intenções dos “especialistas” que tentam vender essas ideias a grupos étnicos compostos, alguns, por poucas centenas.
Genocídios causados por gente humanitária, humanista, progressista já abundam ao longo do século XX.
A resposta progressista a essas objeções, levantadas por autênticos e legítimos representantes de povos indígenas, porém, é de um racismo esquizofrênico que faria qualquer pessoa normal corar de vergonha. Os indígenas, preocupados com a defesa de suas tradições e identidades, são acusados de serem “colonizados” por “pastores da Universal”.
Sim, aparentemente, o conhecimento dos próprios indígenas, apoiado em tradições orais que abarcam dezenas de gerações, não vale nada. Quem sabe mesmo sobre indígenas são acadêmicos progressistas que estudaram sobre eles a partir de livros escritos por pedófilos.
Progressistas, como os anti-povo do PSOL, que forjam uma candidata indígena para simular representatividade, mas envolta intelectualmente em uma mentalidade ocidentalizada, efetivamente colonizada, apesar das maquiagens e fantasias. Trata-se de pessoas que, se não forem impedidas, vão acabar com os povos indígenas do Brasil em menos de uma geração. São uma ameaça a eles, tão grande quanto qualquer investida neopentecostal.
A perspectiva de deixar os povos indígenas em paz, permitindo que eles sejam eles próprios, escapa aos humanistas e universalistas, seja de direita ou esquerda. Não é com nenhum desses dois lados da mesma moeda que eles encontrarão um meio de se defenderem das forças que ameaçam extirpar seu modo de existir.
Nesse momento, tão somente a Quarta Teoria Política aparece como alternativa.