Da fauna política pós-moderna do Ocidente pós-liberal, nenhum animal é mais cômico que o antifa. Nenhum é mais cômica porque nenhum coloca a si mesmo em um pedestal mais elevado de probidade anti-imperialista e rigor revolucionário, ao mesmo tempo que, na prática, nenhum se revela seguidor mais fanático da linha pró-imperialista.
E isso porque a verdade é que após a queda da União Soviética, com as mudanças e transições consequentes, consolidou-se no Ocidente algo que a essa altura já pode ser tranquilamente e rigorosamente chamado de uma “esquerda imperialista”, e a figura do antifa tem servido como “tropa-de-choque” urbano dessa esquerda imperialista.
A esquerda imperialista é muito simplesmente aquela que apoia todas as principais pautas geopolíticas e políticas do imperialismo. Mas com a diferença de ser “por bom motivo”. Vejam bem, eles também querem a queda do Assad MAS é porque é para substituir por “conselhos revolucionários” (?). Eles também apoiavam a queda do Gaddafi MAS é que ele era um tirano anticomunista.
A linha antifa não é nada além da radicalização fetichista, urbana e pequeno-burguesa das pautas e preocupações da esquerda do Partido Democrata dos EUA e de seus análogos ao redor do mundo. Como o Partido Democrata se apoia midiaticamente em corporações como a CNN, então o inimigo enfrentado pelo antifa é sempre basicamente o inimigo público designado por essas corporações midiáticas e outras semelhantes.
Na Europa os antifas se mobilizam contra as únicas organizações políticas que têm feito um esforço para ouvir e representar a voz da classe trabalhadora, as organizações e partidos nacionalistas. Na geopolítica internacional, antifas se mobilizam frequentemente contra a Síria, contra a Rússia, contra o Irã, ou seja, contra todo o “Eixo de Resistência”. A justificativa é que essas organizações, esses países, seus apoiadores, todos são “fascistas”.
A “Nova Esquerda” define o termo “fascista” de uma maneira tão ampla que ela abarca camadas imensas de pensadores, organizações e partidos, inclusive anti-imperialistas, até mesmo da própria esquerda. Basta a oposição, por menor que seja, a determinada “vaca sagrada” de algum pequeno nicho neoesquerdista para receber a alcunha de fascista.
Como a teoria hegemônica, o liberalismo, abarca várias dessas “vacas sagradas” (ideologia de gênero, feminismo, lobby gay, etc.), na prática o antifa tem feito oposição a todo mundo que levante a menor objeção contra aspectos culturais fundamentais da ideologia da classe dominante. Nos países com o capitalismo mais avançado (e, portanto, decadente) isso já tem descambado em uma apologia da pedofilia, com representantes da grotesca organização pró-pedofilia NAMBLA usualmente aparecendo em manifestações antifa.
Tendo absorvido o seu liberalismo hegemônico, mas de coloração esquerdista, nas universidades, o antifa toma contato ali com obras de pensadores “de esquerda”, mas inimigos do comunismo soviético e dos socialismos nacionais terceiro-mundistas, como Marcuse, que sempre trabalharam para agências de inteligência do Ocidente.
É o perfeito idiota útil, sempre disposto para correr com baldes de água onde quer que apareçam incêndios no sistema político, econômico e cultural do Ocidente liberal. Na prática, essa não passa de uma nova forma de autoritarismo, que se justifica por acreditar estar dirigido contra outros autoritarismos. Só que a realidade é que o antifa não faz nada além de facilitar a preservação da hegemonia liberal.
Contra a esquerda imperialista!
Contra os bombeiros do Sistema!
Muito bom artigo, eu que já frequentei fóruns de esquerda em inglês sei muito bem como é esse povo. Segundo eles, nunca existiu, até hoje, nenhum país “comunista de verdade”. União Soviética, Cuba, Vietnã, todos esses seriam apenas um exemplo de “capitalismo burocrático” ou sei lá o quê. Eles seguem uma teoria segundo a qual a “verdadeira revolução” só poderá acontecer no maior país capitalista do mundo, ou seja, nos EUA. É aquela mesma mentalidade segundo a qual os EUA são o povo destinado a servir de farol para a humanidade, só que adaptado para um duscurso aparentemente comunista.
Esse povo vive tentando fingir imparcialidade, dizendo que não apoiam “nem o Partido Democrata e nem o Republicano”, “nem o imperialismo dos EUA nem o da Rússia”. Só que, convivendo com eles, fica totalmente óbvio que eles defendem o Partido Democrata. Muitos inclusive agiam como se o Bernie Sanders fosse uma espécie de mega-revolucionário na época das eleições de lá, ou como se aquela Marcha das Mulheres contra o Trump fosse um prelúdio pra uma revolução a nível mundial. É ridículo. E no discurso deles, o Putin sempre costuma ser tachado de “ditador fascista”, “czar homofóbico”m etc. A Rússia e a China seriam países tão imperialistas quanto a OTAN, ou até mais.