Mercados desabastecidos, farmácias desabastecidas, preços de produtos básicos disparando, filas imensas em postos de gasolina, comida escasseando. Estamos falando da Venezuela? Não. Trata-se do Brasil que está “voltando 20 anos em 2”, o Brasil das reformas trabalhista e previdenciária, o Brasil do teto de gastos, em suma, o Brasil da doutrina do choque neoliberal da Junta Temer.
A política de preços imposta à Petrobrás pela Junta Temer é absolutamente ruinosa. Deixar o preço do petróleo “solto” às variações do mercado internacional deixará o Brasil absolutamente frágil diante de flutuações de preço em uma época de instabilidade geopolítica internacional. Porque tenham certeza: o preço do petróleo seguirá subindo. Ele ainda está BAIXO.
Mas esse problema seria menor, muito menor, se a economia brasileira estivesse estruturada de uma outra maneira. Na maioria dos países do Primeiro Mundo e do Segundo Mundo, os preços do petróleo também estão disparando e também há algumas reclamações, mas há uma grande diferença: nesses países parte considerável da circulação de bens se dá por meio da malha ferroviária.
Não no Brasil. Enfeitiçado por lobistas de montadoras estrangeiras, o Governo JK e quase todos os governos posteriores deram início ao desmonte e sucateamento da malha ferroviária brasileira, em prol da construção de uma malha rodoviária. O Brasil estaria, então, condenado a beneficiar montadoras estrangeiras pela compra de caminhões para fazer a circulação e distribuição dos mais básicos bens, tanto de consumo como insumos.
A escravidão brasileira à divisão internacional do trabalho, se rebaixando a não refinar seu próprio petróleo e a importar a maior parte dos derivados e a insistência fundamentalmente ideológica de manter a atual política de preços tornou essa crise inevitável.
Era inevitável que os caminhoneiros brasileiros não conseguiriam suportar aumentos diários no preço do combustível. A quem diz que o Brasil possui um Estado “grande demais”, essa na verdade é mais uma prova de que no Brasil FALTA ESTADO.
O Brasil precisa refinar o próprio petróleo e produzir os derivados que o país consome.
O Brasil precisa assumir controle estatal sobre os preços internos do petróleo, porque essa é uma questão estratégica nacional.
O Brasil precisa reconstruir sua malha ferroviária, para garantir a distribuição célere e eficiente dos bens.
Nada disso será possível enquanto jazermos sob hegemonia liberal.