Um grande problema acomete parte das pessoas de mentalidade autenticamente e sinceramente patriótica e nacional. Poderíamos nos referir a este problema como uma espécie de miopia metapolítica ou geopolítica.
Em que consistiria essa miopia metapolítica ou geopolítica? Consistiria no equívoco de singularizar exageradamente os conflitos, problemas e sujeições de sua nação, acreditando que sua situação é única no globo terrestre e que tais situações não podem ser comparadas com a de outros povos em conflito.
Dois possíveis resultados vêm daí: Ou o isolacionismo nacionalista, que se nega a se interessar pelas questões dos outros povos; ou a incongruência geopolítica, passando a apoiar lados antagônicos dependendo do conflito.
O erro fundamental dessa miopia metapolítica ou geopolítica é o seguinte: Incapaz de conseguir enxergar o panorama geral dos conflitos mundiais, o patriota ou nacionalista mediano ignora que o planeta inteiro vive sob uma hegemonia liberal, sob a égide de uma única superpotência.
Se estamos todos, no planeta inteiro, sob o mesmo globalismo, manejado pela mesma superpotência, então não há lutas de uns e lutas de outros. Há apenas uma única grande guerra, global, com incontáveis fronts. Trata-se da grande guerra que corresponde à contradição principal de nossa época: globalismo vs identitarismo, unipolaridade vs multipolaridade.
A luta da Síria, do Iraque, do Donbass, do Hezbollah, da Coreia do Norte, da Jamahiriya, dos Houthis, do Irã, e de todos os outros movimentos antiglobalistas no mundo é a mesma. Travada contra um mesmo inimigo. Contra um mesmo mal.
Nesse sentido, trata-se de uma imensa incongruência (para não dizer burrice) ser pró-Assad na Síria e pró-Azov na Ucrânia, ser pró-Gaddafi na Líbia e anti-Irã, ser a favor dos houthis e contra a Coreia do Norte.
O inimigo sabe da unidade dessas lutas. Soldados que combateram os novorrussos foram à Síria lutar contra Assad. Sauditas que massacram houthis estão na Líbia. Chechenos assassinos de russos vão frequentemente ao Iraque cometer atos de terrorismo.
Aos poucos, as forças das nações e povos subjugados do mundo vão despertando para a necessidade de uma resistência internacional. Trocas de informações, inteligência, especialistas e até armamentos começam a se tornar mais frequentes. Aos poucos, veteranos de umas lutas vão ajudar na causa antiglobalista em outra região.
Mas ainda é pouco. Ainda há gente aprisionada no micronacionalismo ou em uma imensa miopia geopolítica.
Se o inimigo é global a luta deve ser internacional.