Após uma série de tensões envolvendo a comunidade cristã em Jerusalém e a autoridade municipal da Cidade Santa, líderes das principais igrejas da região decidiram fechar a Igreja do Santo Sepulcro por tempo indeterminado.
Os acontecimentos que levaram a essa decisão dizem respeito às recentes políticas fiscais israelenses, que visam as igrejas cristãs, enquanto outras instituições religiosas são isentas, de acordo com o site oficial do Patriarcado Armênio. As autoridades afirmam que as cobranças de impostos retroativos são abusivas e afetam os projetos sociais mantidos pelas igrejas na região, e que fazem parte de uma política sistemática de supressão das comunidades cristãs de Jerusalém − que ocorre paralelamente à divulgação da data da mudança da Embaixada dos EUA para a Cidade Santa, em 17 de maio.
Leia o pronunciamento das autoridades cristãs na íntegra:
«Nós, chefes das Igrejas encarregados pelo Santo Sepulcro, bem como pelo status quo que rege os vários Lugares Sagrados Cristãos em Jerusalém, o Patriarcado Ortodoxo Grego, a Custódia da Terra Santa e o Patriarcado Armênio, seguimos munidos de uma imensa preocupação acerca de uma campanha sistemática contra as Igrejas e contra a comunidade cristã na Terra Santa – que viola flagrantemente o status quo existente.
Recentemente, tal campanha, sistemática e ofensiva, chegou a um nível sem precedentes, já que o Município de Jerusalém emitiu avisos de cobranças escandalosas, assim como ordens de apreensão de bens, propriedades e contas bancárias da Igreja, por supostas dívidas de impostos municipais punitivos. Um passo para trás em relação à posição histórica das Igrejas dentro da Cidade Santa de Jerusalém e ao seu relacionamento com as autoridades civis. Essas ações violam os acordos existentes e as obrigações internacionais que garantem os direitos e os privilégios das Igrejas, no que parece ser uma tentativa de enfraquecer a presença cristã em Jerusalém. As maiores vítimas disso são as famílias empobrecidas, que ficarão sem comida e habitação, bem como as crianças, que não poderão ir à escola.
A campanha sistemática de abuso contra as igrejas e os cristãos atinge agora o seu pico, uma vez que um projeto discriminatório e racista, que visa unicamente às propriedades da comunidade cristã na Terra Santa, é promovido. Esta lei abominável está prevista para avançar hoje, em uma reunião de um comitê ministerial e, se aprovada, tornará possível a expropriação das terras das igrejas: o que nos faz recordar todas as leis de natureza similar que foram promulgadas contra os judeus durante períodos obscuros na Europa.
Este ataque sistemático e sem precedentes contra os cristãos na Terra Santa viola severamente os direitos básicos ab antiquo de soberania, rasgando o delicado tecido das relações de décadas entre a comunidade cristã e as autoridades.
Por conseguinte, e recordando a Declaração dos Patriarcas e Chefes das Igrejas Locais em Jerusalém, datada de 14 de fevereiro de 2018, bem como a declaração anterior, de setembro de 2017, como medida de protesto, decidimos dar este passo sem precedentes de fechar a Igreja do Santo Sepulcro.
Juntamente com todos os Chefes das Igrejas da Terra Santa, estamos obstinados, firmes e decididos em proteger nossos direitos e as nossas propriedades.
Que o Espírito Santo responda nossas orações e traga uma resolução para essa crise histórica em nossa Cidade Sagrada.
Teófilo − Patriarca de Jerusalém; Francesco Patton − Custódio da Terra Santa; Nourhan Manougian − Patriarca Armênio de Jerusalém.
Muito Obrigado».