ECONOMIA DE CEMITÉRIO. É como o saudoso Dr. Enéas Carneiro (um autêntico patriota brasileiro), citando o professor Adriano Benayon (outro autêntico patriota brasileiro), costumava chamar o projeto de privatização das riquezas nacionais em nome de uma suposta estabilização da economia.
11 depois de sua morte, aquilo que Enéas denunciava aparece novamente, só que na boca de uma figura erroneamente associada a ele: Bolsonaro.
PRIVATIZAR TUDO. É isso que o mentor econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes, a quem ele já garantiu o Ministério da Fazenda em uma hipotética presidência, defende para o Brasil: ECONOMIA DE CEMITÉRIO: não há reclamação, estamos todos mortos, diria Enéas se ainda estivesse conosco.
E a coisa vai mais além.
Paulo Guedes é um dos fundadores do Instituto Millenium, um think tank liberal que recebe financiamento do Grupo RBS e do Bank of America: o primeiro tendo como subsidiária a Rede Globo, e o segundo sendo um dos maiores bancos do mundo (curiosamente, ambos promovem tudo aquilo que o eleitor de Bolsonaro tanto repudia: aborto, LGBT, ideologia de gênero, etc.).
Economicamente, Paulo Guedes acredita que uma privatização radical seria a receita para se acabar com a dívida pública interna. Sim, isso mesmo: sem auditoria da dívida, sem crítica dos juros e amortização da dívida, ignorando todos os esquemas fraudulentos envolvendo o sistema da dívida pública. Apenas privatizar, entregar tudo para o capital estrangeiro.
Em uma analogia, isso seria como o vendedor de churros que extrai sua renda unicamente da venda de churros, mas que decide vender a máquina de churros porque as prestações estão altas: acaba-se a dívida, mas acaba-se também a fonte de renda. ECONOMIA DE CEMITÉRIO.
E nem precisamos dizer que essa receita neoliberal está na contramão do á-bê-cê de todo e qualquer nacionalismo (mais à direita ou mais à esquerda). Um nacionalismo verdadeiro se fundamenta na defensa da empresa nacional, no fortalecimento do Estado e numa política ampla e consistente de desenvolvimento nacional pautada na Indústria. Quem defende a venda massiva das empresas nacionais pode ser qualquer coisa: menos nacionalista, menos patriota, ainda que – como Bolsonaro – afirme ser.