Em geral, por uma questão de bom senso, evitamos dar muita atenção aos delírios de fugitivos de hospício em idade já avançada. Em nossas mídias já aparecem gente suficiente, de pouca idade, mas tão senil quanto, aos quais já somos obrigados a dar atenção.
Não obstante, quando um líder de seita “renomado” por sua grande capacidade de criar exércitos de zumbis, como o Olavo de Carvalho, se digna a tentar chamar nossa atenção, acaba sendo uma questão de educação atender, como se estivéssemos lidando com algum outro idoso desorientado, com os quais volta e meia nos deparamos nas ruas de uma cidade moderna.
Assim sendo, respondemos a uma postagem recente que o famigerado Sidi Muhammad fez em nossa homenagem:
(1) Não somos direitistas. Tampouco esquerdistas. Qualquer criança sabe que o mundo político não se divide entre “direitistas” e “esquerdistas” (ou “centristas”). Essas posições são relativas e dependem de referenciais. Existem maneiras mais refinadas de categorizar posicionamentos políticos: o que uma pessoa com a suposta erudição deste senhor deveria saber (mesmo que sua horda de cultistas zumbificados não saiba).
(2) Nota-se que o Olavo de Carvalho é um senhor de elevadíssima auto-estima. Ele atribui a si mesmo uma suposta “queda” da esquerda brasileira. Segundo suas próprias palavras, ele conseguiu derrotar a esquerda brasileira e, a partir daí, surgiram “aproveitadores” que “ousam” se recusar a prestar tributo ao “mestre”.
Para uma pessoa que demonstra claras aptidões para enganar trouxas e reunir séquitos de cultistas acéfalos, Olavo parece estar perdendo um pouco a sua perícia nessas artes. Toda vez que ele se pronuncia desta forma, ele cai no ridículo para centenas de pessoas, algumas das quais seguidoras dele e, assim, vai perdendo números cada vez maiores de seguidores.
Vaidoso que é, ele chega até mesmo a denunciar publicamente esses seguidores que começam a duvidar dele, porque ele não consegue tolerar que se tenha, perante a sua pessoa, qualquer coisa menos que a mais absoluta fé e o mais abjeto servilismo. Dúvidas são intoleráveis. Ele até mesmo policia os “likes” e as amizades de seus seguidores e alunos no Facebook.
Esse é um sinal claro de alguém que está perdendo o controle ou a sanidade. É o típico comportamento dos tiranetes que lideram essas seitas malucas, como um Jim Jones ou um Reverendo Moon.
(3) Se nos fiarmos pelo que o Olavo diz, e pelo que seus seguidores dizem dele, Olavo está acima de um Hércules, um Siegfried, um sir Percival. Ele é o maior herói da história do Brasil, um matador de gigantes, o alfa e o ômega. Ele se confunde com a própria Criação.
Tudo gira ao seu redor. O Sol nasce e se põe segundo sua vontade. As estações mudam a seu bel-prazer.
Todo mundo deve o que é a ele. Especialmente nos círculos conservadores ou tradicionalistas ou que sejam, de alguma forma, críticos do progressismo da esquerda liberal.
Para o horror do Olavo, porém, não só nós nunca fomos alunos dele, como nunca o levamos intelectualmente a sério, e só passamos a nos rebaixar a ponto de comentarmos sobre o olavetismo quando nos demos conta do mal que essa lavagem cerebral fazia à juventude brasileira.
As ideias do Olavo sempre nos soaram pueris e/ou chupadas de autores estrangeiros. Seus comentários sobre política externa são ridículos, dignos de chacota, como o são as suas noções de “globalismo islâmico”, “globalismo eurasiano”, “a KGB é responsável pela decadência do Ocidente” e outras asneiras. E o que falar sobre aquela besteira de “metacapitalismo”, inventada para tentar justificar o capitalismo, atribuindo seus problemas a um construto ilusório que… segundo ele…. é comunista (apesar de capitalista)?
Assim, está aqui uma organização de pessoas que é, de fato, crítica da esquerda (tal como da direita), crítica do progressismo, crítica do liberalismo, crítica do globalismo, crítica da decadência cultural e moral das civilizações pós-modernas, mas que não deve nada a ele. Isso, para o ego de Sidi Muhammad , é algo inadmissível.
(4) A esquerda brasileira caiu de podre. Caiu pelo peso da própria arrogância, do próprio solipsismo, do próprio distanciamento em relação às pessoas comuns. E a evidência disso, e de que Olavo de Carvalho nada tem a ver com esse fenômeno, é que estamos tratando aqui de um fenômeno global.
A esquerda perdeu globalmente sua credibilidade porque embarcou em um projeto pós-moderno de engenharia social acoplado a uma tolerância da essência do discurso político e econômico liberal, que a colocou nas antípodas dos interesses das classes trabalhadoras dos vários países do mundo.
A esquerda ocidental aceitou as regras do jogo político demoliberal, assumindo apenas um papel de “crítico dos excessos”, most loyal opposition, das forças hegemônicas que controlam o Ocidente (spoiler: essas forças não são comunistas).
Passando a apoiar tudo que contraria os interesses dos trabalhadores (que são, usualmente, conservadores), a esquerda começou a apoiar imigração em massa, a dissolução da família, a desconstrução dos papeis tradicionais de gênero, a relativização dos costumes e das tradições.
Olavo não foi protagonista de nada. Ele foi apenas um entre muitos que se aproveitaram dessa decadência natural da esquerda (sobre a qual já se comentava nos círculos intelectuais e acadêmicos internacionais) para posar como super-herói para os seus cultistas.
Conclusão: o mais sábio a fazer nesses casos é considerar o Olavo como o que ele é: um idoso engraçado que recém-descobriu as redes sociais e conseguiu renome usando técnicas baratas de psicologia coletiva e de programação neurolinguística, provavelmente aprendidas nas várias seitas esquisotéricas das quais ele já participou.
Só isso. Sigamos em frente.