Permanece atual o tema da imigração e dos refugiados ao redor do mundo. E permanece fundamental interpretar da maneira correta este fenômeno polêmico.
A polarização política atual comporta um lado, que mais do que qualquer coisa, foca em atacar o imigrante ao invés do fenômeno da imigração e suas causas, e um outro lado que só se preocupa em defender o “direito” de migrar e a figura do imigrante, independentemente das circunstâncias concretas, fechando os olhos para as causas e para as forças por trás dos fluxos contemporâneos de pessoas.
De início, é fundamental deixar claro que, historicamente, as pessoas sempre se deslocaram de uns países para outros, seja para fazer comércio, visitar, peregrinar ou viver. O que se põe em questão criticamente, aqui, é o fenômeno contemporâneo do “imigracionismo”.
Estamos, hoje, diante de fluxos maciços de povos inteiros, com centenas de milhares de pessoas sendo deslocadas de uns países para outros. Se o fenômeno da imigração individual ou familiar sempre existiu, e deve ser visto como natural, tais transferências maciças de grandes massas têm a natureza de um processo com consequências demográficas drásticas para todos os envolvidos. Não é leviano afirmar, inclusive, em uma ameaça de genocídio e de substituição populacional em alguns dos casos contemporâneos.
O “imigracionismo” é essa pseudo-ideologia, politicamente correta, contemporânea, que trata o imigrante como uma espécie de “santo” ou de “mártir”, independentemente de onde ele venha, de quem ele seja ou das possíveis consequências de sua migração. Aqui nos detemos apenas ao aspecto “humano” da questão. A direita, de um modo geral, através dos donos dos meios de produção, são os principais propagadores e beneficiários desses fluxos maciços de pessoas.
O fundo econômico do “imigracionismo” é primordial para que possamos compreender o fenômeno. A imigração em massa, dos tempos contemporâneos, tem como finalidade formar um “exército de reserva”. Esse fenômeno acompanha as investidas neoliberais nos países ocidentais nos últimos anos (como as reformas trabalhistas aprovadas de forma sincronizada em vários deles). Ausente a competição geopolítica e ideológica com a URSS, com os capitalistas seguros na hegemonia unipolar, tornou-se desnecessário que o trabalhador seja “apaziguado” com as conquistas social-democratas acumuladas entre os anos 40 e 70. O trabalhador é “caro”. E o trabalhador está “mal acostumado”.
A solução é colocar este “vagabundo” para competir com gente que aceita trabalhar no mesmo serviço, só que por menos da metade do que ele quer receber. Gente desesperada, às vezes até fugindo de países bombardeados ou atacados por terroristas financiados pelos mesmos países que os receberão.
Os resultados são a redução salarial média pelo aumento na oferta de mão de obra e pelo fato desta “nova” mão de obra não possuir o histórico de organização sindical e militância proletária dos povos que os recebem. Ademais, agravam-se os conflitos sociais, desviam-se os focos. E nisso, partidos, organizações e políticos presepeiros são de grande ajuda, focando o problema na figura pessoal dos imigrantes e deixando inquestionada, e incólume a críticas, o próprio sistema político e econômico que gera a imigração em massa.
Aqui no Brasil ainda estamos, de modo geral, seguros em relação a este problema. Não obstante, em cidades pequenas, do interior, já foi sentido o efeito de fluxos de pessoas em quantidade incompatível com a própria demografia local.
A solução para este problema é uma só. O fluxo maciço será detido quando pusermos fim ao sistema que promove e se beneficia com este fluxo: o sistema capitalista. Essa é a única maneira racional de enxergar este fenômeno. Todo o resto é histerismo de direita ou histerismo de esquerda.
Acabemos com o atlantismo, o liberalismo e o capitalismo, e a imigração em massa deixará de existir. Simples.