Aos 88 nos, deixou-nos o professor Oliveiros Ferreira.
Geopolítico, jornalista, professor, historiador e cientista social, Oliveiros possui um pensamento de difícil definição. Alguns o chamariam de “Raymond Aron brasileiro”, outros de um anarquista autoritário ou de um gramsciano de direita, pois, embora realizasse análises gramscianas, sempre as fez enfocando as tradições e as culturas arcaicas.
O fato é que Oliveiros, desde cedo, transcendeu a dicotomia direita-esquerda, se opondo abertamente ao neoliberalismo (o qual ele denominava de “pensamento único”) e, principalmente, foi um pensador incansável, que fez o que estava ao seu alcance em prol da busca da elevação do Brasil ao status de potência, autônomo, e não subjugado aos interesses financeiros internacionais.
O professor Oliveiros foi o grande pai do estudo acadêmico de Relações Internacionais no Brasil, sendo um dos primeiros a abrir uma cadeira de Política Internacional em uma universidade. Sempre teve um trato especial para as questões de Estado e do Poder. Se opunha à ideia de um povo jogado às meras regras inumanas mercadológicas. Era um fiel teórico do pensamento estratégico e de uma visão realista (voltada para o interesse nacional).
Oliveiros desenvolveu um pensamento teórico próprio. Em seu legado, não estão apenas suas obras e feitos, mas também toda uma escola de pensadores e tributários de suas ideias. Assim, onde há a busca de um Brasil justo, grande, autônomo e soberano, onde há a vontade e o desenvolvimento da geopolítica brasileira em prol do povo, e uma política externa independente, há também sopros do pensamento deste grande brasileiro que nos deixa no dia de hoje.