Ao tecer uma genealogia dos empréstimos e ao analisar as dívidas contraídas pelos governos brasileiros ao longo dos anos de 1924 e 1934, Gustavo Barroso chegou a uma conclusão incontornável: o Brasil nunca foi uma nação verdadeiramente soberana. Sempre foi um servo fiel dos juros emitidos pela classe dominante internacional, plasmada, nesse caso, na figura dos bancos.
Embora seu diagnóstico histórico-político tenha se limitado a apenas um decênio, suas conclusões podem ser politicamente generalizadas para os dias de hoje. Vejamos alguns fatos:
1. Em 2015, dados oficiais do Orçamento Geral da União mostraram que o governo brasileiro reservou 42,43% de sua receita para o pagamento dos juros da dívida pública. Materialmente, cerca de 2,268 trilhões.
2. Neste momento, o Brasil é o país com a taxa real de juros mais alta no mundo, a 6,78% ao ano. Isso significa que o Brasil é um paraíso para especuladores, rentista e banqueiros e um inferno para quem quer investir em atividades produtivas.
3. Por conta da competição e da pouca regulação estatal, como é tendência no capitalismo, a tendência ao monopólio se intensifica cada vez mais no setor bancário brasileiro. Atualmente, por exemplo, Itaú Unibanco e Bradesco controlam quase 30% do mercado brasileiro. Concentração bancária significa menor oferta de crédito e taxas de juros mais altas.
4. O spread bancário, a diferença entre os juros cobrados aos bancos para captação de recursos e os juros que os bancos compram para conceder crédito, é de 22% ao ano no Brasil, o 3º maior do mundo, atrás de Madagascar e Malaui.
5. A remessa de lucros, royalties e dividendos ao exterior por multinacionais instaladas no Brasil chegou ao patamar de R$ 160 bilhões em 2013. O imposto de renda sobre essas remessas é 0% desde 1995 quando FHC o cancelou.
6. As taxas de juros do crediário teve uma média geral de 72.33% em junho de 2014. Esse é um nível que trava o consumo a longo prazo e, portanto, a produção. Você parcela um bem, acaba pagando o dobro de seu preço, mas fica com recursos comprometidos até por anos.
E estes são apenas alguns dos problemas do sistema financeiro brasileiro. Problemas estes causados, sem exceção, pelo fato de que o sistema bancário pertence a uma casta de parasitas que são profundamente apátridas, internacionais, tal como é a natureza do capital.
Hoje algns deles estão aqui. Se a situação deixar de ser favorável aqui eles poderão estar amanhã em Nova Iorque, Berlim ou Hong Kong. O dinheiro é sua identidade. E todos os povos do mundo são seus inimigos e vítimas.
E o Brasil é simplesmente a vítima gorda e suculenta, que há décadas tem sido sugada sem reagir.
O Brasil não é livre. Precisamos de uma segunda e, agora sim, autêntica Independência. A independência do sistema econômico-financeiro capitalista liberal.