Hiroshima: O Minuto de Silêncio Negado

O ataque terrorista atômico dos EUA contra a cidade de Hiroshima fez aniversário durante os Jogos Olímpicos de Tóquio e, naturalmente, o decoro exigia que as autoridades do COI realizassem um minuto de silêncio pelas vítimas do bombardeio nuclear. Mas o COI se recusou. Mais, o COI diminuiu a dimensão do bombardeio, além de despersonalizá-lo, como se tivesse sido uma mera “tragédia” ou “desastre”, sem perpetrador. Mais uma demonstração de que o COI possui patrões e que eles residem em Washington.

O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, recusou-se a observar um minuto de silêncio nos Jogos Olímpicos de Tóquio para homenagear as vítimas do bombardeio atômico que destruiu Hiroshima. Em julho, funcionários da cidade japonesa haviam inclusive recebido Bach para uma visita aos memoriais, incluindo o Parque Memorial da Paz de Hiroshima. “Estou decepcionado. Não pensei que um breve momento de oração fosse encontrar as objeções de alguém. É uma pena que [o presidente do COI] tenha vindo ao Museu Memorial da Paz de Hiroshima e mesmo assim não tenha tido vontade de pedir um momento de silêncio”. Foi o que Toshiyuki Mimaki, presidente interino da Confederação de Organizações de Vítimas da Bomba Atômica, disse ao Asahi Shimbun há três dias.

Hiroshima, para além do minuto de silêncio

Muitos japoneses contestaram a decisão de Bach, que consideraram desrespeitosa. Uma recusa que sinalizava pouca consideração. “É decepcionante, embora apreciemos o fato de o Presidente Bach ter visitado Hiroshima” antes dos Jogos Olímpicos, disse um funcionário da cidade. O COI listou uma série de razões para a recusa em observar o minuto de silêncio. Uma acima de todas: durante a cerimônia de encerramento, marcada para 8 de agosto, já estava previsto um momento de comemoração para as “vítimas de tragédias históricas”. Eis que o remendo é pior que o buraco. Não porque um minuto simbólico de silêncio é decisivo, o que, neste caso, também pode ser considerado depreciativo. O que é grave é a vaga referência a “tragédias históricas”. É como se as Olimpíadas fossem realizadas em Israel e o COI negasse um minuto de silêncio especificamente para as vítimas do Holocausto, propondo a lembrança de todos os genocídios da história. O que diriam aqueles que hoje assobiam diante da decisão do Comitê Olímpico?

Democracia Atômica

O que aconteceu em Hiroshima, exatamente 76 anos atrás, não foi simplesmente um “desastre atômico”. Foi e continua sendo um dos crimes mais vergonhosos da história. Covarde, aterrador e, acima de tudo, impune. E deve ficar claro, dadas as omissões hipócritas e intencionais de alguns na imprensa, que esse crime foi cometido pelos Estados Unidos. Quer os comentaristas liberais gostem ou não, esta é a realidade histórica. A “democracia atômica” desceu do céu, varrendo uma cidade japonesa. Apenas para voltar, impiedosa e covarde, alguns dias depois. E destruiu outra cidade japonesa: Nagasaki. Mas os bons ocasionalmente se distraem e preferem não provocar a voz do mestre.

Fonte: Il Primato Nazionale

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Eugenio Palazzini

Jornalista e escritor. Formado em Ciências Políticas e Relações Internacionais. Mestrado em Europrojetação.

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