O ponto de partida é a interpretação da formação e do estabelecimento do povo brasileiro, nossos dilemas e nosso destino. Nisso, bebemos na obra de Darcy Ribeiro. Mas ele era um autor mais ou menos marxista e, portanto, materialista, o que não é nossa minha visão de mundo. Não creio que apenas o aspecto da produção material e de relações econômicas é o que deve ser analisado.
Outros elementos devem ser estudados, como, por exemplo, a produção cultural e o folclore, que são as demonstrações da identidade de um povo, seu ser-no-mundo. Além disso, justamente por serem uma manifestação da essência coletiva, devem ser preservadas. Nisso aparece Câmara Cascudo, justificando e complementando Darcy Ribeiro.
Ainda assim, as análises do potiguar carecem de uma certa teleologia e o mineiro ainda continua materialista. Enquanto tradicionalista que somos, buscamos uma justificativa metafísica ou, melhor dizendo, sentimos falta da presença do divino, da re-sacralização do mundo. Aí entra Vicente Ferreira da Silva e o seu conceito de aórgico.
Segundo o paulista, os deuses de um povo se apossam da consciência coletiva e determinam a visão de mundo da população. Perfeito. Mas ao transplantarmos isso para a práxis política no mundo real, esbarramos no exagerado e ultrapassado anti-socialismo de Vicente, elemento de seu pensamento que deve ser superado e descartado. E como solucionar isso? Retornando dialeticamente, completando o círculo, a Darcy Ribeiro e enxertando a interpretação do povo brasileiro feita pelo mineiro no pensamento de Vicente sobre os povos.
Resumidamente, essa é uma metodologia que recomendo aos camaradas.