Quantos de vocês tem dívidas, por exemplo, com bancos? Dívidas essas que, em pouco tempo, por causa dos juros, atingem somas imensas. O seu credor pode ligar diariamente para você nos horários mais inconvenientes te cobrando; ele pode sujar seu nome; pode ir atrás de você judicialmente e pedir a um tribunal que execute seus bens, tomando quase tudo que você tem. Mas, definitivamente, sabemos que ele nunca, jamais, vai perdoar sua dívida. Mesmo que ela prescreva, ele continuará ligando para você para tentar fazer você pagar.
Parece, portanto, que o governo brasileiro é o melhor credor do mundo. Um verdadeiro anjinho. Parece uma mãe. Você pode dever milhões, centenas de milhões, bilhões que, mesmo assim, você não tem com que se preocupar. Não se preocupe. Se a dívida ficar muito grande, o governo perdoa. Pelo menos é o que acontece se você for uma grande empresa.
Sim, e isso acontece em período de crise, em que cada centavo conta. Cortes são feitos em todas as áreas, mesmo nas mais vitais. Congelam-se gastos públicos. Qual é a primeira coisa que deve fazer qualquer empresa em dificuldade financeira? Não é ir atrás dos próprios devedores? Mas o governo brasileiro faz o exato oposto.
Isso tem dois fundamentos. O primeiro, e mais importante, é que o governo brasileiro é dependente do e subserviente ao poder financeiro privado. Quem manda no Brasil não são políticos, mas grandes empresários. O segundo é o mito liberal do “trickle-down economics”, a noção de que, se você beneficiar grandes empresas (com desonerações fiscais, por exemplo, perdões de dívida, etc.), toda a economia se beneficia.
Esses são dinheiros dos nossos impostos. É dinheiro nosso que poderia ser utilizado para recuperar a economia brasileira.
Nós continuaremos padecendo os efeitos da crise, enquanto um pequeno punhado de empresários seguirá tendo lucros imensos às nossas custas.