O quadro na imagem acima foi vendido em leilão por mais de 40 milhões de dólares: o que ele significa, o que representa, que função social ou civilizacional ele pode exercer? Não sabemos. E talvez nem o próprio artista saiba. O que ocorre de praxe é que o artista inventa um “lero-lero” intelectualoide, que ele constrói após a execução da obra, feito para impressionar leigos ou burgueses facilmente impressionáveis.
Poderia ser ainda pior. Há “instalações artísticas” com rolos de papel higiênico colados na parede, crucifixos afundados em urina, cães acorrentados a paredes de galerias para passar fome diante da plateia, e parece não haver limites para quão baixo os “artistas” de nossa era podem chegar.
Os artistas são as antenas da raça, disse Ezra Pound. Ou pelo menos era para ser assim. Mas ao longo do século XX, um golfo, um abismo imenso se abriu entre os artistas e o povo.
O capitalismo, que também se desenvolveu de forma cada vez mais acelerada nessa época, transformou a arte como um todo em commoditie. Os bens artísticos se tornaram produtos em um mercado – produtos a serem vendidos, produtos com oferta e demanda.
Como todas as outras commodities do mercado dos bens de consumo, as regras da propaganda e do marketing passaram a ocupar posição central no mundo da arte. Tal como uma empresa precisa inventar variações e atualizações inúteis de seus produtos para poder convencer o consumidor a comprar mais e mais, o mercado da arte precisou adentrar na via da constante produção de “novidades” para manter presos os olhos de um público consumidor fútil, entediado e fundamentalmente burguês.
O resultado é um mundo em que a arte é, de modo geral, irrelevante e descartável. Movimentos “vanguardistas” se sucedem uns aos outros em rápida sucessão. Artistas vão da irrelevância ao sucesso e de volta à irrelevância em questão de semanas. Milhões passam de mãos e mãos por obras vazias e sem sentido.
Nós, ao contrário, afirmamos que o artista deve voltar a se comunicar com o povo, através de uma arte que seja realmente comunicável. E não precisamos que a arte seja, para isso, simples ou trivial. Basta procurar por apresentações de óperas em fábricas, realizadas em décadas passadas, para ver nos olhos do mais humilde operário o quanto ele é capaz de apreender a beleza e a eternidade contida nas maiores obras do homem.
O capitalismo matou a arte. Mesmo que não houvesse outros motivos (e há muitos), isso por si só já demandaria que matássemos o capitalismo e trouxéssemos a arte de volta do limbo.
“A Beleza salvará o Mundo” (Dostoiévski).