Privatização dos lucros e socialização dos prejuízos? Reestatização da Vale já!

A Vale do Rio Doce foi privatizada no fim do primeiro governo Fernando Henrique Cardoso por uma bagatela de 3 bilhões de dólares. Para isso, as reservas da companhia, que valiam mais de cem bilhões de reais e eram suficientes para abastecer o mercado mundial por centenas de anos (é isso mesmo que você leu), foram consideradas de ”valor zero”. A companhia valia umas cem vezes mais o preço que foi vendida.

Pior ainda, foi vendida com ajuda substancial da Previ, o fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, que escolheu aportar recursos no grupo liderado pelo judeu Steinbruch. A escolha do grupo se deveu à propina de quinze milhões de reais que depositaram na conta de Ricardo Sérgio, tesoureiro das campanhas do PSDB.

O governo aceitou também pagamento em ”moedas podres”, que valiam metade do seu valor de face. No fim das contas, entraram nos cofres públicos pouco mais de trezentos milhões de pingados.

Ademais, ficou comprovado que o banco Bradesco montou o edital de venda da companhia e, mais tarde, tornou-se um dos seus controladores (algo proibido por lei), entre vários outros problemas jurídicos do leilão realizado.

O Estado brasileiro construiu uma das maiores e e mais bem sucedidas mineradoras da América, e depois doou por uma bagatela que favoreceu os grandes empresários e os políticos envolvidos na ”privatização”. A justificativa é a de que o ”Estado é ineficiente” e que a ”gestão privada” é que é uma maravilha.

Qual era a justificativa da venda? A desculpa foi o pagamento de parte da dívida pública interna e externa. Sabe-se que, a exemplo de outras privatizações, isso nunca ocorreu.

Esqueceram de dizer que a iniciativa privada foi incapaz de construir no país uma empresa da importância estratégica, da magnitude e da eficácia da Vale do Rio Doce. E quando meteu a mão na dita cuja, com amplo favorecimento do governo e usando recursos públicos [Previ], conseguiu transformá-la em um máquina de assassinatos.

Na realidade, controlada pelo capital financeiro e internacional, a opção feita pela empresa tem sido pelo atropelo da legislação trabalhista e aumento das práticas antissindicais; exportação com alto consumo de energia e nenhum beneficiamento dos produtos; e a intensificação da produção voltada para fora causa rápido esgotamento das reservais minerais, ao lado de impactos no meio ambiente, com já dois grandes desastres de proporções cataclísmicas na conta dos acionistas e administradores.

Agora já está sendo revelado que a Vale financiava um lobby para travar qualquer tipo de projeto que tornasse mais rigorosos os regulamentos ambientais e de segurança sobre as atividades de mineração. 81 membros da Comissão de Minas e Energia da Câmara receberam dinheiro de mineradoras, sendo 38 deles deputados.

É necessário compreender que empresas de setores estratégicos não podem ser privatizadas. Quando uma empresa é privatizada ela passa a ter como único foco a maximização do lucro de seus acionistas. Isso significa que há mais preocupação no pagamento de dividendos do que no reinvestimento. No caso de empresas como a OI o resultado é serviços péssimos e falência. No caso de empresas como a Vale, o resultado são mortes e destruição de ecossistemas.

A Vale do Rio Doce deveria ser reestatizada. A iniciativa privada não merece administrá-la, porque não a construiu nem pagou por ela, e também porque não demonstra competência e visão suficiente para gerir uma companhia desse porte.

A Vale privada já matou centenas. Quantas outras centenas vamos permitir que a Vale mate antes que ela volte a pertencer ao povo brasileiro?

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Nova Resistência
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