Desde o início do calendário eleitoral, o grande perigo era que o establishment encontrasse o seu ”Macron” — um candidato neoliberal que desse uma sobrevida ao Sistema com um discurso centrista e democrático, contra os “radicalismos”, e que posasse como último reduto contra ”o fascismo”.
A Globo não cansava de propagandear que o país precisava de algo assim. Todos esperavam que esse “Macron” fosse a figura infame de Geraldo “PCC” Alckmin. O tucano, aliás, se enxerga dessa forma (o que fica claro em toda sua propaganda eleitoral), e o faz com a benção da Carta de FHC.
E embora possamos afirmar que Alckmin, apesar de seus resultados vexatórios nas pesquisas eleitorais, ainda não seja carta fora do baralho para o establishment (a divulgação da delação de Palocci, na semana que antecede ao primeiro turno, é prova disso), tudo indica que, até segunda ordem, Lula foi mais bem-sucedido na tarefa de produzir uma versão tupiniquim de Macron: Lula apresentou o fantoche Haddad.
Eis aí um dos prováveis escolhidos do Sistema para posar de ”Macron” verde e amarelo: um USPiano, “meio FHC”, como bem descreveu o Senador Roberto Requião, que pode ser mais bem enquadrado como sendo uma mistura de Macron com o neoliberal “de esquerda radical” Alexis Tsípras, primeiro-ministro grego. De fato, alguns analistas do mercado financeiro já postulam Haddad como seu nome preferido — claro, não sem a ajuda do excesso de caos e incertezas que emanam da chapa Bolsonaro-Mourão-Guedes (praticamente, três gafes ambulantes).
Haddad, o matador de mendigos e fantoche de Lula, já prometeu não reverter qualquer medida da Junta Temer, já acenou para a possibilidade de compor governo com o PSDB e já recebe apoio do MDB em vários estados brasileiros. Como já afirmamos antes, Haddad, em todos os sentidos possíveis, é o mais liberal dos petistas. Ele virá trazer neoliberalismo, com simulação de preocupações sociais e uma boa dose de progressismo “iluminado”.
A semana que se inicia será decisiva para consolidar quem vai ser, de fato, o candidato da mídia e, portanto, das oligarquias dominantes. Em outras palavras: qual neoliberalismo a classe dominante comprará: o neoliberalismo preto e branco (Bolsonaro) ou o neoliberalismo colorido (Haddad)? O entreguismo pinochetista (Bolsonaro) ou o sub-desenvolvimentismo dependente (Haddad)? O cão raivoso da direita ou o fantoche petista?
Em ambos os casos, o Brasil sai perdendo.
Não queremos fantoche, não queremos nenhum Macron e repudiamos qualquer “centrismo”.
O Brasil precisa de um homem apto a tomar com firmeza as decisões radicais que nos tirarão do fundo do poço.