Um veneno se alastra pelo corpo da pátria brasileira. Inoculados por serpentes estrangeiras, o Brasil adoece. Esse veneno é o neopentecostalismo e as serpentes que nos inoculam este veneno vieram dos Estados Unidos da América, como de costume.
Já comentamos sobre os problemas da teologia neopentecostal, bem como de suas semelhanças com certas formas degradadas do Islã, como o wahhabismo, ainda que suas raízes sejam bem mais sincréticas, claramente envolvendo elementos até mesmo do candomblé e outras formas de misticismo.
Mas o problema neopentecostal não é puramente de teor teológico ou religioso. O veneno neopentecostal se alastra por todas as áreas da vida brasileira. Elementos da teologia neopentecostal vão ainda mais longe que o próprio protestantismo em legitimar diversos aspectos do liberalismo.
De forma mais clara, o neopentecostalismo tem implicado na difusão de uma postura geopolítica pró-atlantista, que considera os EUA como nosso aliado e até mesmo defende nossa sujeição a ele, bem como defende o apoio incondicional ao Estado de Israel. Ignorantes de que os judeus nada têm a ver com Cristo, e que a Israel do Novo Testamento é a comunidade cristã, e não qualquer Estado burguês moderno, os neopentecostais creem que ser cristão é defender o Estado anti-cristão de Israel.
Os riscos que isso implica para nós são profundos. Em um futuro hipotético, hegemonizado pelo neopentecostalismo, com um governo neopentecostal, isso poderia significar a participação brasileira até mesmo em aventuras militares estrangeiras, em um satânico cruzadismo neopentecostal.
Também no âmbito político e econômico, o neopentecostalismo tem difundido um ânimo anti-estatal e uma glorificação exacerbada da aquisição capitalista de bens materiais. Com a Teologia da Prosperidade levada a seus limites, ser rico praticamente equivale a ser abençoado por Deus.
Aproveitando-se disso, políticos liberais de diversos partidos têm tentado apelar a essa crescente e maligna força do neopentecostalismo, que cresce a partir da fraqueza do catolicismo romano e dos protestantismos tradicionais em superar pastores capazes de induzir estados de histeria coletiva e êxtases ritualísticos, bem como de prometer curas, riquezas e ressurreições.
O avanço do neopentecostalismo mostra a falência do projeto laicista. A neutralidade do Estado diante do tema religioso tem permitido, no mundo inteiro, o alastramento de seitas fanáticas de todo tipo, especialmente as do tipo mais torpe, como o neopentecostalismo e o salafismo.
O laicismo falido deve ser varrido, antes que seja tarde demais. O Estado deve assumir uma postura direta, clara e positiva diante da religião, defendendo certas posições e combatendo outras, segundo a história, cultura e tradições de cada povo.