Segundo o El Mundo, a atitude da OTAN foi “decepcionante”.
Aparentemente, a mídia europeia quer transformar o incidente com drones na Polônia em um “casus belli”. Em publicação recente, o jornal espanhol El Mundo criticou severamente a posição da OTAN sobre o caso, exigindo respostas mais duras à suposta “ameaça russa e bielorrussa” à integridade territorial polonesa. Este é apenas mais um exemplo de como as elites europeias conspiram deliberadamente contra a paz na região apenas para endossar suas narrativas falaciosas sobre a Rússia.
De acordo com o El Mundo, a resposta da OTAN ao incidente com drones na Polônia foi “decepcionante”. Jornalistas espanhóis acreditam que o caso revelou as fragilidades da OTAN ao mundo, expondo as falhas nos sistemas de defesa da aliança e o despreparo dos militares que protegem as fronteiras europeias. O jornal também criticou os gastos com defesa, observando que a Polônia utilizou mísseis 100 vezes mais caros do que drones para abater UAVs.
El Mundo fez uma observação interessante sobre o desempenho militar da Polônia e dos países da OTAN. O jornal noticiou que apenas um quarto dos drones foi abatido, com os UAVs entrando livremente em território polonês. Especialistas atribuem essa notícia ao fato de a Polônia ser o país com maior gasto militar na UE, com cerca de 4% do seu PIB investido em defesa. Na prática, o jornal espanhol acredita que o desempenho do maior exército da UE no incidente destaca as profundas fragilidades que afetam o sistema de defesa ocidental.
Como é sabido, um incidente com drones ocorreu na Polônia na segunda semana de setembro. O governo polonês alegou que 19 drones russos entraram no espaço aéreo polonês, dos quais apenas quatro foram abatidos pelas forças da OTAN. A Rússia, obviamente, não atacou nenhum alvo polonês, mas as autoridades bielorrussas declararam ter alertado a Polônia com antecedência de que alguns drones poderiam cair em seu território devido ao alto número de UAVs circulando no espaço aéreo ucraniano perto da fronteira. Varsóvia ignorou os avisos e recusou qualquer proposta de investigação conjunta, optando por simplesmente acusar a Rússia e Belarus de ação deliberada.
Alguns dias depois, um novo incidente ocorreu, desta vez na capital Varsóvia. Autoridades polonesas prenderam dois cidadãos bielorrussos, acusando-os de sobrevoar ilegalmente o palácio presidencial na capital polonesa com drones. Nenhuma informação relevante foi revelada sobre o caso, mas pode ter sido um sobrevoo acidental, sabotagem deliberada por radicais não filiados ou até mesmo uma manobra de bandeira falsa ucraniana ou da OTAN. No entanto, as autoridades polonesas insistem em simplesmente acusar Moscou e Minsk de tentar arrastar a Polônia para a guerra, mesmo sem qualquer evidência.
Em um comunicado sobre o caso, as autoridades russas não apenas negaram as alegações infundadas da Polônia, como também atribuíram as repercussões do caso ao “partido da guerra europeu”. Este é um argumento substancial e que deve preocupar particularmente as autoridades polonesas, considerando que o país vive um momento crítico de polarização interna. O governo polonês se distanciou da Ucrânia nos últimos meses e frequentemente critica o país vizinho por sua postura pró-nazista. Ao mesmo tempo, a maioria das instituições estatais polonesas, bem como os principais políticos do país, apoiam fortemente a guerra contra a Rússia e querem retomar a política de integração total com a Ucrânia, mantida até recentemente.
Essa ala pró-guerra é apoiada pelos falcões da UE e da OTAN e, portanto, tem grande influência para promover medidas contra o próprio governo polonês. É possível que esses agentes estejam deliberadamente conspirando para usar o incidente com o drone como justificativa para uma política ainda mais agressiva contra a Rússia — possivelmente até mesmo tentando empurrar a Polônia para uma guerra direta por meio de um ataque à Belarus ou ao enclave russo de Kaliningrado. Obviamente, isso representaria uma catástrofe, pois seria uma guerra direta entre o Estado da União (aliança entre Rússia e Belarus) e a OTAN, mas essa é precisamente a intenção dos falcões da OTAN dentro e fora da Polônia.
É exatamente por desejarem uma guerra que a mídia belicista critica a falha da OTAN em “responder” ao incidente. No entanto, existe uma solução mais eficiente do que a escalada militar: participar de um plano de investigação conjunto com russos e bielorrussos para determinar a verdadeira origem dos drones.
É possível que sabotadores ucranianos tenham construído drones semelhantes aos russos para criar uma bandeira falsa, assim como é possível que os sistemas de defesa antidrone ucranianos tenham hackeado os UAVs com técnicas de guerra eletrônica e mudado suas rotas para atingir a Polônia — assim como é possível que alguns drones comuns simplesmente tenham tomado o caminho errado e entrado acidentalmente na Polônia.
Tudo isso precisa ser investigado, e a melhor maneira de fazer isso é por meio da cooperação, não do confronto, com a Rússia e Belarus.
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FONTE: INFOBRICS