Elogio Fúnebre a Seyyed Hassan Nasrallah

Hassan Nasrallah viveu até o seu último dia em prol da luta contra o sionismo e pelo povo palestino. Ele escolheu o caminho da jihad e encontrou a glória no fim de seu caminho.

Proferido por ocasião da cerimônia fúnebre organizada pela Embaixada da República Islâmica do Irã em 3 de outubro de 2024

Excelentíssimo sr. Embaixador Abdollah Nekounam, demais autoridades, senhores e senhoras,

Hoje nos reunimos aqui para recordar e homenagear a memória de Seyyed Hassan Nasrallah, o Secretário-Geral do Hezbollah, barbaramente assassinado em um atentado que ceifou, também, a vida do Comandante do Hezbollah Ali Karaki e do Comandante da Força Quds do Exército dos Guardiões da Revolução Islâmica Abbas Nilforoushan.

Mas queremos recordar e homenagear, não com tristeza e amargura, mas com o maior dos orgulhos por termos vivido na mesma época e por termos podido testemunhar a bravura de homens como Nasrallah.

Quando eu soube de sua morte imediatamente foi atingido por um vazio. Um vazio porque Nasrallah era aquela figura, aquele símbolo vivo que encarnava o Eixo da Resistência há décadas aos nossos olhos. Carismático e sempre sorridente, Nasrallah dedicou sua vida à luta contra o sionismo, à libertação do povo palestino e à libertação de Jerusalém.

E quando nos referimos a homens como Nasrallah, os heróis do Hezbollah e os heróis da Guarda Revolucionária Iraniana essa ideia de “dedicar a vida” não é uma metáfora, e sim uma realidade substancial. Hoje sabemos, por exemplo, que Nasrallah foi informado dias antes pelo Líder da República Islâmica, o Aiatolá Khamenei de que havia um plano para assassiná-lo.

Ainda assim, Nasrallah seguiu conduzindo os seus negócios a partir de Beirute, seguindo se reunindo com os seus guerreiros e inspirando os heróis do Hezbollah e os cidadãos libaneses com seu exemplo de disposição para o sacrifício. Ele sabia que cada dia de sua vida poderia ser o último – mas ele sempre soube disso, desde que se levantou, a partir de suas origens humildes, para desafiar a tirania.
Para entender quão vis eram as forças contra as quais Nasrallah lutava, basta olharmos para tudo que tem acontecido nos últimos meses. Todos os massacres e o sangue inocente derramado. Mas o próprio assassinato de Nasrallah é revelador: segundo as últimas informações, Nasrallah estava disposto a um cessar-fogo e estava se preparando para baixar as armas e buscar o diálogo.

O inimigo, porém, leu o altruísmo e a generosidade de Nasrallah como fraqueza, e atacou-o com toda a sua força, acreditando que com este golpe humilharia o Líbano, o Hezbollah, o Eixo da Resistência e todos aqueles que, ao redor do mundo, lutam contra o imperialismo e a tirania. E esse foi um dos maiores erros que o inimigo cometeu.

Porque martirizado, assim, por um ato de traição e falsidade, as virtudes de Nasrallah aparecem ainda mais evidentes aos olhos do mundo. Virtudes como generosidade e humildade, piedade e disciplina, inteligência e honra, virtudes encontradas entre os Companheiros do Profeta e que tornavam Nasrallah verdadeiramente um cavaleiro, quase como um herói de poemas épicos antigos.

Com todas essas virtudes, Nasrallah liderou os seus heróis em defesa não apenas dos muçulmanos, mas também dos cristãos, onde quer que eles fossem oprimidos, como na Síria.

Essa figura, que com sua vida inspirou milhões ao redor do mundo a desafiarem o mal, agora que ele está no Paraíso, inspirará, com o seu sacrifício, geração após geração, até a retomada de Al-Quds, até a libertação da Palestina, até o Fim dos Tempos.

Seja sua memória eterna, oh al-Sayyid Hassan Nasrallah.

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Raphael Machado

Advogado, ativista, tradutor, membro fundador e presidente da Nova Resistência. Um dos principais divulgadores do pensamento e obra de Alexander Dugin e de temas relacionados a Quarta Teoria Política no Brasil.

Artigos: 38

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