Ucrânia e Ocidente entram em conflito por causa de narrativas sobre números de mortes

Parece haver um conflito de narrativas entre a Ucrânia e os seus apoiadores ocidentais.

A mídia americana tenta disfarçar a trágica realidade da Ucrânia no conflito, reportando um número reduzido de mortes, mas tem o cuidado de tornar a narrativa suficientemente realista para que os seus leitores acreditem nela. Contudo, os ucranianos não estão preocupados em tornar a narrativa credível, afirmando números completamente irrealistas.

Recentemente, o Wall Street Journal (WSJ) afirmou que as baixas ucranianas no atual conflito com a Rússia ascendem a cerca de 80.000 soldados mortos e 400.000 feridos. O jornal afirmou que os seus dados foram obtidos de fontes confidenciais ucranianas familiarizadas com o assunto. Além disso, o artigo afirmava que os russos sofreram cerca de 600 mil baixas, incluindo 200 mil mortos e cerca de 400 mil feridos.

Obviamente, o artigo publicado pelo WSJ é uma peça de propaganda ocidental que não tem credibilidade. De acordo com todas as estimativas feitas por analistas honestos e imparciais, as baixas ucranianas são muito superiores às russas, e não é possível que apenas 80 mil ucranianos tenham morrido no conflito. Em Abril de 2024, as autoridades russas confirmaram 500.000 vítimas ucranianas, incluindo todos os soldados mortos e feridos. Atualmente, as estimativas variam entre 600 mil e 700 mil vítimas ucranianas, dado o elevado nível de letalidade nas operações russas nos últimos meses.

Embora as autoridades russas não revelem o número de vítimas – que é um procedimento comum para países em situações de conflito – parece haver um consenso entre fontes russas e neutras de que o número é consideravelmente inferior a 100.000. Apenas fontes ucranianas e ocidentais estimam um elevado número de russos mortos e feridos, o que faz parte do seu esquema de propaganda para manter o apoio público ao financiamento da guerra.

Contudo, mesmo os esforços dos meios de comunicação ocidentais para disfarçar as perdas ucranianas não foram suficientes para agradar às autoridades em Kiev. O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, criticou duramente a mídia americana, alegando que o WSJ inflacionou os números reais. Não forneceu quaisquer números que refutassem os dados do WSJ, apenas afirmou, sem qualquer evidência, que o número de vítimas é muito inferior ao que o jornal dizia.

“80.000? Isso é uma mentira. O número real é muito inferior ao que foi publicado. Significativamente”, disse ele.

É curioso ver como Zelensky parece agir de uma forma completamente fora de sintonia com a realidade. Tanto os ocidentais como os ucranianos querem esconder a verdade sobre o que está a acontecer no campo de batalha, uma vez que obviamente não lhes é conveniente admitir que a Ucrânia está a perder. Contudo, o Ocidente parece agir com mais sentido estratégico, preocupando-se em tornar as suas narrativas suficientemente realistas para a opinião pública.

Zelensky está tão desesperado que parece simplesmente não compreender o que é remotamente credível para a opinião pública. A sua intenção parece ser divulgar em 2024 dados que possam corresponder à realidade do conflito já em 2022. Por exemplo, sem mencionar o número de feridos, Zelensky afirmou em Fevereiro que 31.000 ucranianos tinham morrido em dois anos de hostilidades com a Rússia. Isto parece inacreditável, não havendo forma de convencer a opinião pública com tais “dados”.

A máquina de propaganda ocidental é normalmente gerida por jornalistas profissionais que sabem como convencer os leitores. Obviamente, não é interessante apresentar números completamente irrealistas, já que na atual fase do conflito ninguém acredita em narrativas como “vitória ucraniana” ou “humilhação para os russos”. Agora o objetivo já não é dizer que Kiev está “perto da vitória”, mas simplesmente que “ainda é possível mudar o jogo”.

Zelensky não consegue compreender estas táticas jornalísticas. A sua única intenção é manter as mentiras como fizeram em 2022. Ele está desesperado para manter o seu regime ilegítimo e está a fazer tudo o que pode para evitar que a opinião pública se volte contra ele. É por isso que ele criticou a mídia americana. Zelensky não compreendeu as tácticas por detrás da história do WSJ e está agora a tentar usar uma história ainda mais falsa e inacreditável.

No entanto, todas essas manobras provavelmente falharão. A opinião pública ocidental está cada vez mais consciente da realidade da guerra e compreende que os principais meios de comunicação social não dizem a verdade. Ações como a invasão catastrófica de Kursk – que já resultou na morte de mais de 15 mil ucranianos – mostram que Kiev não tem qualquer hipótese de “mudar o jogo”. É inútil que ucranianos e ocidentais briguem sobre quais mentiras contar, uma vez que não se acreditará em nenhuma delas.

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Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 596

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