Conforme vamos nos distanciando da aurora da civilização, há mais ou menos 12 mil anos atrás, a humanidade vai progressivamente se esquecendo de todos os padrões comportamentais, de todos os costumes, tabus, tradições e disposições que não só garantiram essa transição, como permitiram que incontáveis civilizações se desenvolvessem até se transformarem em outras ou serem suplantadas por suas herdeiras.
O homem moderno toma sua situação histórica atual como algo dado, onde a vida é relativamente segura, onde há abundância de recursos, e onde praticamente tudo já foi inventado, está pronto e à disposição para ser usufruído por quem puder pagar. Para ele, quase não há esforço a ser dispendido para garantir a sobrevivência de algo que, para os seus antepassados distantes, era extremamente frágil.
Um minúscula nicho formado por liberais, por exemplo, semelhante aos loucos que negam as leis básicas da física, defende que “imposto é roubo”. Tal afirmação não é uma tese falseável. Ao contrário, não passa de um dogma pseudo-religioso, tão absurdo quanto a defesa do incesto.
As Pirâmides de Gizé, os Jardins da Babilônia, o Farol de Alexandria, o Coliseu, as estradas romanas, a Muralha da China, a Cidade Proibida, todos os grandes feitos arquitetônicos da história da espécie humana foram erguidos a partir do resultado da cobrança de impostos/tributos. O início da conquista espacial e a ida do homem à Lua só foram possíveis graças ao resultado da cobrança de impostos/tributos.
A maioria dos principais pintores, escultores, escritores e músicos da história foram homens que não trabalhavam e eram financiados por governantes de reinos, cidades, etc. Com que recursos? Com os recursos dos impostos.
Incontáveis guerras justas e necessárias para a sobrevivência de vários povos só puderam ser financiadas pela cobrança de impostos.
A história do imposto e a história da civilização praticamente se confundem. As duas histórias caminham de mãos dadas desde seu início até hoje. Nunca poderia ter sido diferente. O imposto é o garantidor de que um governo poderá assegurar a paz, a segurança, a sobrevivência e algum grau de prosperidade, porque é impossível que cada homem garanta isso, sozinho, para si.
Ainda que o quantitativo dos impostos deva ser moderado pela equidade, e sua aplicação deva ser garantidamente dirigida para fins que promovam o bem comum, demandar a abolição do imposto, para a civilização, é equivalente a demandar a abolição da gravidade, para a física.
Imposto não é roubo, mas, ao contrário, é civilização, é um dos pilares da civilização.
Teria algum livro para sugerir sobre o assunto?