Amplamente considerado o melhor ponta esquerda da atualidade, a exclusão do camisa de 7 do Real Madrid da lista da UEFA dos 11 melhores jogadores da temporada 2022/2023 é injustificável e só pode ser explicada por um fato: a luta das oligarquias apátridas “europeias” contra o futebol arte.
Se o boicote a Neymar, sobretudo por parte do mundo desportivo europeu, eventualmente passa como “justificado” para o público brasileiro devido à sua vida agitada e ao número de polêmicas que o craque supostamente provocou ao longo de sua carreira, o mesmo não deveria valer para Vinícius Jr. Sua personalidade, conduta e, mais importante, seu jogo não dão margem para tal tipo de manobra retórica — tão usada contra Neymar.
Amplamente considerado o melhor ponta esquerda da atualidade, a exclusão do camisa de 7 do Real Madrid (que, na ausência de Neymar, já vestiu da 10 canarinha) da lista da UEFA dos 11 melhores jogadores da temporada 2022/2023 é injustificável e só pode ser explicada por um fato: a luta das oligarquias apátridas “europeias” contra o futebol arte.
Futebol é softpower. No caso brasileiro é mais do que isso: é identidade; a ponto de Gilberto Freyre ver em nosso futebol arte uma reminiscência da tática de Guerra Brasílica empregada na Batalha de Guararapes contra os holandeses. Diz Freyre:
“[a guerra Brasílica] é uma antecipação do estilo brasileiro de jogar futebol (…),um conjunto de qualidades de surpresa, de manha, de astúcia, de ligeireza e ao mesmo tempo de brilho e de espontaneidade individual… alguma coisa de dança e de capoeira”.
Ou seja: o modo como Vinícius Jr e vários outros craques brasileiros jogam. O estilo de jogo que levou Neymar a ser tão perseguido por jogadores e arbitragem na Europa (pois driblar é visto por lá como “desrespeito”).
No caso de Vini Jr, a esquerda vai falar em “boicote por racismo”, mas isso não se sustenta, uma vez que o “antirracismo” (um antirracismo abstrato, universal, espertamente desassociado das determinações de pertença de classe, nacionalidade e civilização) é um dos elementos da ideologia da classe dominante e parte essencial da agenda imigracionista das elites “europeias”.
O futebol europeu é fruto de uma concha de retalhos de jogadores extraídos da América Latina, África e Oriente Médio. Sem o Terceiro Mundo, o futebol europeu simplesmente colapsa. E se os jogadores europeus filhos de migrantes decidirem jogar em suas pátrias de origem, a queda seria ainda maior.
É necessário parar de encarar o futebol europeu como régua e parâmetro universal. A ascensão da multipolaridade exigirá uma reformulação radical, inclusive no campo desportivo. Que venha a Liga BRICS, a Copa das Civilizações, a copa Tricontinental.
O chamado “futebol moderno” precisa ser superado.