Segundo a narrativa da elite parasitária brasileira, a reforma trabalhista foi necessária por causa das “novas realidades” do século XXI. Não estamos falando aqui de qualquer coisa além de discurso.
O que é “novo” são as maneiras que essa elite descobriu para intensificar a extração da mais-valia do trabalhador. Observando a realidade laboral no Primeiro Mundo, onde após décadas de um Estado forte e intervencionista, que garantia amplos direitos e benefícios sociais, em em que as nações do norte começaram a ser dilapidadas por uma investida neoliberal, viu-se novos modelos de exploração do trabalhador: como o trabalho intermitente, freelance, trabalho a tempo parcial e coisas semelhantes.
Todos esses novos modelos de relação laboral do século XXI fazem parte do contexto da precarização das relações de trabalho. Sai de cena o proletariado, que é substituído pela nova classe do precariado: o trabalhador sem garantias, poucos direitos, nula estabilidade, realizando trabalhos precários e nada garantidos e recebendo muito pouco por isso.
Diferentemente do proletariado, o precariado usualmente possui um nível educacional elevado, mas por causa das pressões do capitalismo é obrigado a trabalhar em áreas que nada tem a ver com sua formação e a aceitar salários muito menores do que deveria receber por sua competência e conhecimento.
Para os capitalistas este é um cenário paradisíaco. Uma abundância de mão-de-obra disponível com boa qualificação disposta a aceitar trabalhar com poucas garantias de direitos e por salários irrisórios.
Para o trabalhador este é um cenário infernal. O trabalhador perde a segurança de ter um salário fixo mensal. Planejar sua vida e pensar a longo prazo torna-se impossível. Constituir família torna-se dificílimo e aí a maioria que o faz deixa para fazê-lo na casa dos 30, já muito depois de quando o imperativo biológico aponta como ideal, ou simplesmente não constitui. Afundar-se em empréstimos bancários e viver de crédito torna-se inevitável.
Essa tem sido a realidade laboral na Europa nos últimos 5-10 anos. E os resultados foram que o desemprego não caiu, mas a renda média dos trabalhadores caiu e as economias nacionais seguem em depressão. Daí, os protestos maciços e o caos urbano em países como França e Espanha nos últimos anos.
E é este o destino do trabalhador brasileiro após essa reforma trabalhista, que não será a última. Nunca experimentamos as benesses e vantagens das quais os trabalhadores do Primeiro Mundo desfrutaram por algumas décadas, mas agora sofreremos o mesmo golpe que eles sofreram.
O trabalhador brasileiro será tratado como lixo, enquanto a minúscula classe capitalista seguirá acumulando mais e mais dinheiro tomado às custas do suor alheio.
Resistir a isso é imprescindível.