Na grande liquidação que o governo Temer tem feito do Brasil está absolutamente tudo à venda. O objetivo desse governo é que não reste pedra sobre pedra em termos de bens públicos, e boa parte da Amazônia já é objeto de negociação.
Não é novidade que a Amazônia tem sido cobiçada há décadas por governos, corporações e ONGs estrangeiras. Trata-se de um espaço rico em recursos minerais, com a bacia hidrográfica mais importante do mundo e com imensa biodiversidade.
Nesse sentido, entregar a Amazônia é ato de traição nacional e isso é irrefutável.
Mas a discussão não pode ficar no âmbito meramente materialista. Uma “direita conservadora” trata a Amazônia de um ponto de vista puramente economicista, como mero recurso a ser explorado e convertido em lucro.
Nesse sentido, para o reacionário, o fato de a Amazônia ser nossa significa apenas que ela é nossa para ser explorada por nós, ao invés de ser explorada por estrangeiros. Caberia, então, a nós, cimentar tudo com shoppings ou transformar o espaço amazônico todo em área de plantio para o agronegócio, ao invés de estrangeiros fazerem a mesma coisa.
Em suma, o que eles defendem é, apenas, um capitalismo nacional-desenvolvimentist
Nós, ao contrário, enxergamos na noção de que a “Amazônia é nossa” algo mais profundo. A defesa da Amazônia, para nós, não é pautada apenas pela importância estratégica que este espaço possui. Mais que isso, entendemos a defesa da Amazônia como um dever justificado, fundamentalmente, pela Beleza inata de um dos últimos espaços intocados ou pouco tocados pelo homem.
A Amazônia deve ser defendida não pelo que há de útil nela, ainda que haja nela coisas úteis que devem ser utilizadas e aproveitadas dentro de certos parâmetros de razoabilidade e planejamento estratégico de longo prazo, mas pelo que há nela de belo e selvagem, sublime e perigoso.
Essa é a perspectiva que, até agora, não foi assumida por qualquer organização patriótica brasileira, mas está sendo indicada aqui como a única postura possível perante o espaço amazônico, uma perspectiva essa que, até agora, apenas os povos originários compreenderam, ainda que ela esteja no passado de todos os outros povos que hoje habitam o Brasil.
Porque há coisas que valem mais que o ouro.