Em 25 de maio, o governo bolivariano convocou eleições para eleger, nas eleições regionais, 24 governadores, 260 legisladores estaduais e 285 deputados para a Assembleia Nacional, totalizando 569 cargos.
Este será um ano eminentemente eleitoral, no qual estarão em jogo cargos de governadores, conselhos legislativos, prefeituras e câmaras municipais, três consultas relacionadas aos conselhos comunais e o referendo sobre a reforma constitucional.
Será um ano de mobilização, debate político, planejamento e participação, que fortalecerá o caminho em direção ao governo comunal com o povo, pelo povo e para o povo, no marco de uma democracia participativa e protagonista em tempos de multipolaridade e aprofundamento do caminho anti-imperialista e anticolonialista.
Mas, como é lógico, também será um período em que “o velho” que deve morrer não o fará sem resistência; por isso, é essencial não perder nenhum detalhe de cada acontecimento durante esse novo processo de consolidação da democracia venezuelana.


As nuvens do passado
A direita é golpista e contrarrevolucionária. Quem tiver dúvidas sobre isso perecerá por desprevenido. Na luta pelo poder, não há meios-termos: quem tem o poder fará de tudo para mantê-lo, e quem deseja o poder fará o impossível para obtê-lo. Pode-se compartilhar o governo porque é de todos, pensem como pensarem, mas o Poder é a alma do projeto político, a essência dos interesses populares (falando do lado da Revolução e do Socialismo), e nenhum dos lados em disputa na contradição capitalismo versus interesses populares, ou Pátria ou Colônia, ou independência ou escravidão, cederá um milímetro do poder conquistado nem renunciará facilmente a obtê-lo.
Por isso, é necessário ter clareza de que a luta pelo poder é muito mais do que a luta pelo governo, e que os polos em confronto são o imperialismo contra os povos conquistados — numa luta dialética que só terminará com o desaparecimento do capitalismo e todas as formas de exploração e expropriação do povo, ou seja, da imensa maioria da humanidade.
Na Venezuela, o comandante Chávez tomou o poder e o presidente Nicolás Maduro o defendeu com unhas e dentes, porque sabe que, como disse o libertador Simón Bolívar, “vacilar é perder-se”.
Isso quer dizer que não existe democracia, como afirmam as hipócritas forças da direita internacional e os mercenários locais? Não. Quer dizer que, acima dos interesses do povo e da soberania da pátria, não há nenhum outro interesse que possa se impor.
Por isso, no marco da institucionalidade surgida da Constituição de 1999, aparecem claramente os cinco poderes: o Legislativo, o Executivo, o Judiciário, o Cidadão e o Eleitoral, desenvolvendo-se sobre a base da unidade Cívico-Militar-Policial para preservar a segurança e o bem-estar dos cidadãos.
Como bem expressam a Doutrina Monroe e o artigo “Destino Manifesto”, os governantes da potência do norte da América estão convencidos de que o nosso continente (a América) é seu domínio, sua terra prometida, seu quintal — acreditando serem exclusivamente eles os americanos privilegiados pela providência.
Para neutralizar qualquer desafio a esse “destino manifesto”, recorreram a invasões, golpes de Estado, sanções, assassinatos, bloqueios e intervenções diretas ou indiretas nos assuntos econômicos, políticos e judiciais de cada país.


O caso Venezuela
É bem conhecido o percurso da Revolução Bolivariana. Desde sua chegada ao governo e a promulgação da Constituição de 1999, o país de Bolívar tornou-se um campo político instável. A Revolução rompeu com a inércia bipartidária entreguista, e o colapso da Quarta República ecoou por todo o continente — especialmente às portas do império.
Em 10 de dezembro de 2001, a Confederação de Trabalhadores da Venezuela (CTV), junto com a Federação das Câmaras (Fedecámaras), organizou uma greve nacional de 12 horas contra a legislação proposta pelo governo de Hugo Chávez, dando início à política desestabilizadora, golpista e de tentativa de magnicídio que se mantém até hoje.
Cada episódio de tentativa de destituição na Venezuela tem suas características particulares — a maioria delas violentas — e vimos a atuação de jornalistas, políticos, embaixadores, paramilitares, mercenários, empresários, militares, artistas, ONGs, padres, pastores, nacionais e internacionais, organismos e organizações estrangeiras.
Também vimos cidadãos envenenados pelos discursos de ódio, pessoas do povo manipuladas por laboratórios de guerra psicológica, por fábricas de revoluções coloridas e golpes brandos, e por uma intensa guerra econômica que busca quebrar os sonhos e a vontade soberana dos povos por meio da fome e da miséria — como hoje ocorre na Faixa de Gaza e em praticamente toda a Palestina.
À democracia liberal burguesa, não basta, ao menos na Venezuela, que o país tenha realizado 35 eleições nos últimos 25 anos até 2024: 6 presidenciais, 6 legislativas, 8 regionais, 7 municipais, 2 para assembleias constituintes e 6 referendos. Eles toleram figuras como Dina Boluarte ou Volodymyr Zelensky, ou anulam eleições na Europa que não servem a seus interesses. Aclamam terroristas da Al-Qaeda por derrubar Assad e se reúnem, sem pudor, com Abu Mohammad al-Jolani — dirigente da Al-Qaeda no Iraque e fundador da Jabhat al-Nusra (filial síria da Al-Qaeda), hoje presidente de fato em partes da Síria com o aval da União Europeia e da OTAN.
A direita fascista carrega como mantra a frase “os fins justificam os meios” — e por isso reclama fraude em toda eleição, incitando subversão, violência, golpes e até intervenção militar estrangeira.
O fim essencial para o fascismo é eliminar o chavismo, a presidência de Nicolás Maduro, a CELAC, a multipolaridade, a aliança com Rússia, China, Irã e tudo aquilo que não se submete aos seus mestres do Norte.
Por isso, neste novo ano eleitoral — que também será constituinte — surgem ruídos como o do cinematográfico “resgate de reféns” da embaixada da Argentina em Caracas. Uma nova provocação que pode eclodir no dia da eleição, 25 de maio.
Além das versões ridículas e contraditórias divulgadas por Marco Rubio e seus aliados, desmontadas no programa televisivo “Con el Mazo Dando” de Diosdado Cabello, a tentativa de passar a ideia de que o governo é vulnerável à infiltração estrangeira, ou que haveria cumplicidade interna nas forças de segurança, tem um objetivo estratégico evidente.
Também não é coincidência que veículos como o “efectococuyo.com” deem destaque, neste momento, ao manifesto anual da embaixada dos EUA na Colômbia, que diz: “Não viaje nem permaneça na Venezuela devido ao alto risco de detenção injusta, tortura, terrorismo, sequestro, aplicação arbitrária das leis, delinquência, distúrbios civis e má infraestrutura de saúde”.


Nas eleições presidenciais de 28 de julho de 2024, como em outras ocasiões, a denúncia antecipada de fraude circulava na imprensa nacional e internacional — prevendo exatamente como a oposição fascista reagiria ao resultado do Conselho Eleitoral. Depois viriam o boicote digital, a rejeição imediata dos resultados e, como sempre, os mortos que são do povo.


Eleições e reforma constitucional
Neste 2025, a Revolução Bolivariana se prepara para um salto qualitativo rumo ao Governo Comunal, com uma nova Constituição construída desde a base popular organizada, a partir do coração das Comunas.
O objetivo é complementar a institucionalidade republicana e avançar rumo a uma nova democracia, que supere as limitações da partidocracia representativa e construa outro modelo de representação — mais adequado às necessidades táticas e conjunturais do programa revolucionário, aquecido pelo surgimento de novas lideranças e uma nova subjetividade político-social.
A direita reacionária, neoliberal e colonialista tentará, por todos os meios, impedir a continuidade e consolidação do projeto bolivariano.
Os tecno-filósofos que sonham com governos digitais, os arquitetos que especulam sobre a vida em Marte ou na Lua, os tecno-oligarcas e multibilionários sabem — como todos sabemos — que por trás do Governo Comunal germina o Poder Popular, e que esse poder se expandirá pelo mundo por meio da solidariedade, complementariedade e multipolaridade, unificando os povos, principalmente do Sul Global. E isso ameaça todas as suas ambições mesquinhas.
Fonte: PIA Global.