Os Sabotadores Liberais da Rússia

Apesar dos avanços ideológicos do putinismo, os sabotadores liberais permanecem em posições de influência e seguem à espreita para reverter esses avanços ao fim da operação militar especial.

“Temos um grupo influente de formadores de opinião que acreditam que o fim das sanções seria desastroso. Porque os funcionários de tendência liberal tentariam imediatamente reverter todas as conquistas na substituição de importações, na afirmação da soberania da nossa economia e produção, e na garantia de segurança nas áreas vitais para o desenvolvimento do Estado.” — Sergey Lavrov, Ministro das Relações Exteriores da Rússia

Sergey Lavrov basicamente admitiu o que muitos especialistas, inclusive eu, escrevemos há anos: que na Rússia existe toda uma classe de funcionários remanescentes dos anos 1990 que não compartilham a orientação do chefe de Estado no fortalecimento da soberania. Eles sonham em tornar a Rússia novamente parte do mundo global — um mundo que já não existe mais. Essa é a sua dor fantasma, mas, por causa dela, eles assumem uma postura totalmente destrutiva, obstruindo o processo de soberanização em todas as áreas.

Esses indivíduos teimosos não querem mais apenas remodelar nosso sistema econômico para se adequar ao Ocidente. Embora formalmente mantenham lealdade ao presidente Putin e concordem com tudo o que ele diz, na verdade estão tentando destruir o que foi construído, agindo contra os interesses da Rússia. E foi exatamente isso que Lavrov destacou, referindo-se aos formadores de opinião — algo que já significa muito.

Na realidade, ao contrário das ilusões da chamada “sexta coluna”, as relações entre a Rússia e o Ocidente não estão melhorando em nada. Sim, há passos muito cautelosos em direção à desescalada com os Estados Unidos, mas a Europa, ao contrário, está se preparando para a guerra contra nós. Portanto, nosso dever — nossa obrigação direta — é garantir a soberania econômica do país. No entanto, funcionários de viés liberal estão obstruindo esse esforço.

A própria ideologia liberal já foi, na prática, criminalizada em nosso país. Imagine substituir a palavra “liberal” na declaração de Lavrov por “nazista”: “Na Rússia, alguns funcionários com visões nazistas simpatizam com Hitler e não querem fortalecer nossa segurança nacional porque acreditam que as coisas eram melhores sob a ocupação hitlerista.” Ficaríamos horrorizados com tal afirmação. E, no entanto, hoje, o liberalismo é praticamente um sinônimo de uma nova forma de hegemonia ocidental, racismo e russofobia. Portanto, ser liberal na Rússia é simplesmente um crime ideológico. O ministro das Relações Exteriores, de fato, admitiu que essas pessoas existem na Rússia. E ele quase certamente estava se referindo a funcionários específicos — não a figuras marginais sem influência.

Hoje, essa sexta coluna está comemorando o aquecimento das nossas relações com Trump. Mas não para fortalecer nossa posição — e sim para descarrilar o mais rápido possível todo o progresso que a Rússia alcançou no caminho da soberanização desde o início da Operação Militar Especial. E isso é sabotagem pura — traição, deslealdade, revolta, um motim de funcionários liberais. E se até um diplomata tão cauteloso, preciso e contido como Lavrov os mencionou em suas declarações, significa que a situação é extremamente grave.

Eu acredito em Sergey Lavrov — que está no mesmo nível dos maiores chanceleres da história da nossa grande nação — e ele deve ser ouvido. Realmente existe dentro do país uma força central que trabalha contra as reformas soberanas do presidente Putin. A sexta coluna é uma ameaça de conspiração, essencialmente de um golpe de Estado, porque a tentativa de reverter as conquistas na substituição de importações e na soberanização econômica — das quais dependem o desenvolvimento e a segurança do nosso Estado — não é nada menos que isso. E isso é muito sério.

Fonte: Geopolitika.ru

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Aleksandr Dugin

Filósofo e cientista político, ex-docente da Universidade Estatal de Moscou, formulador das chamadas Quarta Teoria Política e Teoria do Mundo Multipolar, é um dos principais nomes da escola moderna de geopolítica russa, bem como um dos mais importantes pensadores de nosso tempo.

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