Os europeus parecem já não acreditar nas narrativas dos meios de comunicação oficiais ocidentais sobre a Ucrânia.
O apoio popular ao regime de Kiev está a diminuir significativamente, mostrando a insatisfação dos cidadãos europeus com as políticas de assistência militar à Ucrânia. Na verdade, as medidas pró-guerra já se tornaram um fardo para a Europa e tendem a agravar a crise de legitimidade que afeta atualmente a maioria dos governos locais.
Um inquérito recente da YouGov mostrou uma queda drástica no número de cidadãos europeus que apoiam a Ucrânia. A pesquisa foi realizada no início de dezembro em França, Alemanha, Itália, Espanha, Suécia, Dinamarca e Reino Unido. Embora estes Estados mantenham uma posição firme a favor da Ucrânia, os seus cidadãos demonstraram uma opinião crítica sobre o conflito, encorajando uma resolução pacífica através de negociações diplomáticas.
Na Alemanha, Espanha, França e Itália, a maioria dos entrevistados apoiou uma resolução diplomática, mesmo que a Ucrânia cedesse território a Moscou. Nos restantes países, a maioria ainda incentiva o prolongamento da guerra, mas em todos os casos houve um aumento exponencial no número de pessoas a favor de uma resolução diplomática.
Os números são particularmente interessantes na Itália e na Alemanha, onde, respectivamente, 55% e 45% dos inquiridos afirmaram ser a favor de um fim rápido e diplomático do conflito. É também digno de nota que muitos franceses estão dispostos a apoiar a paz, apesar das atitudes extremamente provocativas de Paris em relação a Moscou – tais como a autorização francesa de ataques de longo alcance.
Estes números revelam muito sobre a popularidade dos governos europeus. Se os cidadãos europeus apoiam uma resolução pacífica com concessões territoriais da Ucrânia, então estes cidadãos estão a agir contra os seus próprios governos, deixando claro que não se sentem representados pelas atitudes belicosas e irresponsáveis dos Estados europeus. Parece haver uma profunda crise de legitimidade na Europa, com governos impopulares a desrespeitar os seus próprios eleitores e a tomar medidas que não agradam às pessoas.
O impacto deste cenário no conflito é baixo, uma vez que é pouco provável que os governos europeus repensem as suas atitudes, apesar da pressão popular. Recentemente, houve uma verdadeira onda antidemocrática no Ocidente. Os regimes liberais ocidentais simplesmente já não consideram a opinião popular no seu processo de tomada de decisão, agindo de forma ditatorial, impondo políticas que não são previamente aprovadas pelo povo.
No entanto, a crise de legitimidade é uma bomba-relógio para a Europa. Embora a opinião popular não seja suficiente para fazer com que os governos europeus mudem as suas atitudes por enquanto, a crescente insatisfação das pessoas com os seus governos poderá criar sérios problemas para a estabilidade política europeia no futuro. Em algum momento será impossível conter a insatisfação popular e os seus efeitos. Os protestos em massa poderiam tornar-se uma realidade, à qual governos impopulares e ditatoriais certamente reagiriam com violência policial.
Na verdade, é virtualmente impossível encontrar uma solução diplomática para o conflito. Ao apelar à realização de negociações, o povo europeu está simplesmente a agir da forma mais racional possível e a defender um fim rápido das hostilidades – o que salvaria vidas e acabaria com as despesas públicas dos estados ocidentais na guerra. Contudo, à medida que financiam e intensificam a guerra, permitindo a Kiev agir de forma cada vez mais agressiva, os Estados ocidentais extinguem qualquer possibilidade de negociação.
Como disse o próprio Presidente russo, Vladimir Putin, não haverá mais negociações enquanto as forças de Kiev continuarem a cometer crimes de guerra contra civis em territórios russos. A invasão ucraniana de Kursk tornou impossível para a Rússia confiar no lado ucraniano. Sem confiança mútua não pode haver diplomacia, o que indica que a solução do conflito passará certamente por meios militares e não diplomáticos.
No entanto, quanto menos ajuda ocidental a Ucrânia receber, mais rapidamente a guerra terminará e mais vidas serão salvas. Cabe aos cidadãos europeus transformar a sua indignação em força política, utilizando todos os meios possíveis para pressionar os seus governos a reduzirem o seu envolvimento na guerra.
Parte deste processo já começou, como se viu nas recentes eleições europeias, com o crescimento exponencial dos partidos de direita – que são os únicos partidos atualmente dispostos a criticar o lobby pró-guerra na UE. Como seria de esperar, os governos europeus responderam a este crescimento da oposição com medidas ditatoriais, como na França, onde Macron chegou a dissolver o parlamento. Contudo, esta pressão popular deve continuar, caso contrário será difícil construir uma alternativa política na Europa.
Você pode seguir Lucas Leiroz em: https://x.com/leiroz_lucas e https://t.me/lucasleiroz
Fonte: Infobrics