A Via Direita do Transumanismo Global

Se engana quem associa o globalismo exclusivamente à esquerda, o transumanismo de bilionários “conservadores” representa uma outra via que parece conduzir ao mesmo resultado.

Elon Musk, ou o caminho da direita para o transumanismo mundialista. As distopias não são apenas de esquerda, como muitos acreditam. A ideia de forjar, com a cibernética, uma “única consciência mundial” — uma unificação tecnofinanceira da humanidade e, ao mesmo tempo, uma paródia invertida da Universalidade transcendente das religiões tradicionais — é a versão mais atualizada do sonho luciferino que sempre tentou o homem.

Elon Musk faz parte dos círculos NatCon americanos, os nacional-conservadores, cujo maître à penser é Yoram Hazony, um filósofo político judeu-americano cujo pensamento hoje é uma referência, talvez a principal, para o partido Fratelli d’Italia. Dessa forma, o partido preencheu o vazio deixado pelo desenraizamento ideológico pós-fascista com essas contribuições da direita americana.

Pode parecer uma contradição a proximidade de Elon Musk, com sua ideia tecnomundialista, aos círculos do nacional-conservadorismo americano, já que a posição filosófica de Hazony é uma crítica ao cosmopolitismo. Um conceito que Hazony interpreta, com um salto anti-historicista e antifilosófico, como uma continuidade tanto dos antigos impérios sagrados quanto das atuais organizações supranacionais mundialistas. Ao cosmopolitismo, Hazony opõe o modelo do reino bíblico de Israel, considerado uma reivindicação do particularismo soberanista contra a pretensão universalista (ver Y. Hazony Virtù del nazionalismo).

Hazony faz uma crítica contundente à Igreja Católica, acusando-a de ter adotado o modelo universalista romano, traindo assim o judaísmo. Mas, segundo Hazony, a Reforma Protestante corrigiu isso ao criar igrejas nacionais, trazendo o Cristianismo de volta às suas raízes judaicas, fundadas no princípio da liberdade e soberania dos povos.

Hazony reflete a convergência antirromana e, portanto, anticatólica entre o judaísmo pós-bíblico e o protestantismo — uma convergência que está no cerne do espírito americano, com suas raízes puritanas. No entanto, seu “nacionalismo”, inspirado no modelo do reino davídico — que, na exegese cristã, é uma prefiguração da Igreja Universal que acolheria também os gentios — é apenas a face nacionalista do judaísmo pós-bíblico. Complementar a essa face, existe também uma dimensão universalista na concepção judaica do Reino Messiânico. São duas faces da mesma moeda e inseparáveis, pois, no messianismo judaico pós-bíblico, o “povo messias” torna-se também portador da luz na Terra, encarregado de edificar a unidade das nações em uma paz universal — sob a liderança de Israel, seja em termos espirituais ou, em algumas versões, também políticos.

Os cristãos-sionistas protestantes americanos compartilham essa escatologia judaica e, por isso, são fervorosos apoiadores do Estado de Israel. A profecia de Isaías, segundo a qual, na era messiânica, os povos transformarão suas espadas em arados — uma profecia exibida em uma das principais salas da ONU —, interpretada nessa perspectiva, torna-se, como na exegese judaica, a realização na Terra do Reino de Deus. Trata-se de uma clara abordagem milenarista que também explica muitos aspectos da política sionista atual.

É evidente — houve um tempo em que Papas, teólogos, místicos e exegetas católicos tinham plena consciência disso, algo hoje bastante enfraquecido — que essa perspectiva judaica é completamente acrística, assim como a leitura da Escritura que a sustenta e que apoia o nacional-conservadorismo de Yoram Hazony. Não é em Jesus Cristo que o Reino de Deus se realiza, por meio da metanoia dos corações, e, ao final da história, na transformação trans-histórica do mundo que será assumido pelo Eterno, no passamento do tempo para a eternidade, encontrando a Jerusalém Celeste que desce do Alto, quando haverá “um novo céu e uma nova terra” (Ap. 21,1). Em vez disso, o Reino seria realizado na Terra e na história, como uma organização política, e agora, com as possibilidades oferecidas pela cibernética, desenvolvidas por financistas bilionários como Elon Musk (um conservador emulador do progressista Bill Gates), por meio da unificação mundial das consciências em uma única consciência global.

Fonte: Arianna Editrice

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Luigi Copertino
Artigos: 39

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