Bilhões de reais por ano estão sendo doados em isenções fiscais para grandes empresas pertencentes a milionários e famosos. Como é bom ser rico no Brasil!
O Brasil é, realmente, um paraíso para os ricos.
Aparentemente, não tem nenhum ricaço brasileiro que não tenha um “bolsa-família” para encher os seus bolsos com benesses, benefícios e isenções de todos os tipos. Vejo frequentemente ancaps e libertários dizendo que a solução para o Brasil é transformá-lo em paraíso fiscal.
Mas ele já não é? São vocês que são fodidos e indigentes demais para se beneficiarem da face “Cayman” do Brasil. Para quem tem os “acessos” necessários, o Brasil é uma farra quase no mesmo nível da Rússia do início dos anos 90. Qualquer um que seja rico pode ficar rapidamente dez vezes mais ricos com o “jeitinho” da vez.
Durante a pandemia, milhões de pequenas e médias empresas faliram. Foi uma devastação principalmente para as empresas do setor de eventos, mas praticamente todos os setores foram afetados.
O governo brasileiro, então, criou o PERSE (o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), pra dar isenção fiscal de todos os tipos para as empresas do setor. Bravíssimo! Uma rara nobre iniciativa para garantir e sustentar essas pequenas e médias empresas – as principais empregadoras do país – certo?
É óbvio que não. 30% do valor total de isenções, aparentemente, está indo para umas 100 grandes empresas de milionários e famosos – empresas que, na maioria dos caos, geram umas poucas centenas de empregos, como a do Felipe Neto; o mesmo Neto que surfou na onda das propagandas de bets.
Sinceramente, não há qualquer surpresa no fato dessa “bolsa” ter sido abocanhada pelos que já eram ricos. Toda a política de créditos a juros baixos ou de isenções fiscais no Brasil sempre atende às grandes empresas em primeiro lugar. Basta lembrarmos como os créditos rurais no Brasil sempre fluem em quantia desproporcionalmente maior para os latifúndios do que para os minifúndios.
São políticas públicas atrás de políticas públicas cuja única função é proporcionar a acumulação de capital por uns poucos, enquanto os “pequenos” se esbofeteiam atrás de migalhas. No final das contas, de pequeno empresário para trabalhador do setor precarizado é um passo, pelo menos eles têm opções. E quanto aos pobres dos milionários? O que será deles se ficarem uns poucos milhões menos ricos?
Alguns liberais hipócritas criticarão esse Perse, mas nada nele está muito fora do espírito do liberalismo econômico. No espírito da mais pura e rigorosa Reaganomics, trata-se de fazer o bolo crescer (dando isenções e auxílios para os mais ricos [que, por sua riqueza, estariam demonstrando a sua eficiência]) que inevitavelmente os benefícios dessa acumulação escorreriam pelo resto da sociedade conforme os ricos gastassem mais.
Estamos, ainda, esperando as benesses advindas de enriquecer Felipe Neto e amigos ainda mais.