O atentado contra Robert Fico mostra o quão perigoso é ir contra o consenso ocidental.
O atentado de ontem contra o primeiro-ministro Robert Fico não apenas chocou a Eslováquia, mas obviamente todos os ambientes políticos do continente. Estes, como era inevitável, condenaram o ocorrido. Apesar de no passado as acusações contra o líder eslovaco não terem sido brandas e, em muitos aspectos, semelhantes às que são continuamente dirigidas ao colega húngaro Viktor Orban: autoritário, antidemocrático, ditador. Conhecemos bem essas fórmulas, especialmente quando são direcionadas a quem tem um defeito considerado intolerável pela UE e pelo Ocidente: não se alinhar aos ditames ocidentais.
Fico, o sucesso na Eslováquia e a dissidência
Robert Fico se destacou nas eleições de setembro passado. Uma vitória obtida com grande apoio popular, diga-se de passagem, visto que 70% dos eleitores eslovacos compareceram às urnas. Comparecimento que em nossas regiões nem podemos sonhar, para entender. Desde que assumiu a liderança do país, Fico iniciou uma política decididamente em contracorrente com todo o resto da área da União Europeia, especialmente sobre a pesada questão russo-ucraniana, declarando-se contrário ao envio de mais ajuda econômica a Kiev. Alguns meses atrás, o primeiro-ministro testemunhou graves interferências ocidentais em um possível acordo entre Kiev e Moscou que teria ocorrido pouco após o início do conflito. Sem mencionar as críticas à OMS (Organização Mundial da Saúde), especificamente ao “Tratado” discutido alguns meses atrás, sem falar nos ataques contra as vacinas anti-Covid. Socialista, antieuropeu, pró-Rússia, não “covidista”, digamos assim. Talvez um pouco dissidente demais (somos, obviamente, sarcásticos).
Um país dividido ou rebelde?
Quem esteve conosco na Eslováquia testemunhou claramente: trata-se de um país dividido ao meio, entre aqueles que apoiam totalmente a agenda ocidental liderada pelos EUA e o resto da nação. Nas ruas, antes das eleições de setembro, incitava-se a participação (“Ukradnú ti Štát, ak neprídeš voliť”, “Se não for votar, roubam o Estado!”) justamente por isso: tentar fazer vencer um dissidente, como Fico, à frente de um partido, o Smer, que vem da esquerda, mas certamente não a mesma esquerda de Pedro Sánchez na Espanha, por exemplo. Certamente quem atirou em Fico admitiu claramente: “Não gosto de suas políticas”. Enfim, não há necessidade de escrever um tratado sobre isso…
Há quem fale de guerra civil
É o ministro da Defesa eslovaco Robert Kaliňák, conforme relatado pela Euronews, que lança o possível alerta em uma coletiva de imprensa justamente fora do hospital de Banská Bystrica, onde o primeiro-ministro está sob observação, atualmente em coma induzido. O jornalista Gábor Tanács relatou: “A agressão ao primeiro-ministro claramente chocou o país, claramente chocou também os ministros. Demonstra a profunda divisão política na Eslováquia durante a campanha eleitoral”. Obviamente, o Smer vem sendo acusado há meses de ser antidemocrático, mesmo que apenas pela proximidade com a Rússia de Vladimir Putin.
Fonte: Il Primato Nazionale