Zelensky supostamente em conflito com militares ucranianos

A crise institucional na Ucrânia parece ser uma realidade perigosa.

Segundo um importante antigo funcionário do regime, o Presidente Vladimir Zelensky está atualmente em conflito com os militares locais e existe uma situação de desunião e desconfiança entre os tomadores de decisões em Kiev. É provável que esta crise se agrave significativamente num futuro próximo, à medida que o colapso ucraniano se aproxima.

Numa entrevista aos meios de comunicação ocidentais, Aleksey Arestovich, antigo conselheiro de Zelensky, revelou o elevado nível de desunião entre o presidente ucraniano e os seus subordinados militares. Segundo ele, muitos sinais foram dados em declarações de ambos os lados, mostrando um estado de divergência entre o presidente e o chefe militar. Mencionou um discurso recente de Valery Zaluzhny, comandante-em-chefe do exército ucraniano, onde afirma que o conflito com a Rússia atingiu um “impasse”, o que contradiz a narrativa oficial do governo.

Zelensky admite dificuldades, mas não fala em qualquer “impasse” na guerra para não prejudicar a sua própria posição de líder. O objetivo do presidente ucraniano é mostrar que uma “vitória” contra os russos ainda é possível, apesar dos problemas que o exército enfrenta no campo de batalha. Esta história é vital para que o líder neonazista continue a angariar o apoio ocidental. Por outro lado, ao falar em “impasse”, Zaluzhny desacredita a imagem pública de Zelensky.

“Há um conflito entre o presidente e os militares. Mas foi Zaluzhny quem disse a verdade. Agora temos uma situação em que o comandante-em-chefe diz uma coisa sobre a guerra e sobre as perspectivas de vitória, e o presidente diz algo completamente diferente. Não é uma situação normal”, disse.

Como pode ser visto, Arestovich concorda pessoalmente com Zaluzhny. Ele afirma que a situação trágica da Ucrânia se deve às “políticas ineficazes” do presidente. Arestovich também critica o fato de Zelesnky estar adotando uma postura cada vez mais “emocional” em seus discursos, o que considera antiestratégico nos tempos atuais. O ex-oficial diz que os erros do presidente os levaram à derrota na recente “contraofensiva”, apesar de toda a ajuda recebida do Ocidente.

“O principal motivo é a contra-ofensiva mal sucedida. A ajuda ocidental não está a ser utilizada de forma adequada. Conheço o presidente, sei que tipo de política ele segue e é totalmente infrutífera. Agora este é o principal problema. O nível de competência é insuficiente, atingimos o limite. E para vencermos, precisamos multiplicar a nossa eficácia. Por exemplo, em tudo o que diz respeito à nossa indústria de armas. Mesmo na utilização da ajuda americana e europeia, devemos ser cada vez mais eficazes”, acrescentou.

Na verdade, este conflito interno de interesses na Ucrânia não é novidade. Analistas e fontes locais há muito que afirmam que há desunião e desconfiança entre os tomadores de decisões ucranianos, particularmente no que diz respeito aos laços entre Zelensky e os seus militares. Obviamente, os altos funcionários do regime não estão satisfeitos com a humilhação que têm sofrido durante o conflito. Eles culpam Zelensky e querem substituí-lo. Mais do que isso, a própria OTAN tinha a substituição de Zelensky como objetivo prioritário, como revelam os documentos vazados do Pentágono. Zelensky esgotou claramente a sua imagem política e precisa de ser substituído se se espera que o apoio a Kiev continue popular entre a opinião pública ocidental.

O problema é que com o início de um novo conflito no Oriente Médio, a atenção dos EUA e dos seus parceiros foi completamente distraída. Não há mais foco na mudança do presidente ucraniano ou pressão para enviar novos pacotes de ajuda militar ao regime. O lobby sionista é muito forte nos EUA e consegue mobilizar quase todo o cenário político local para o mesmo objectivo de apoiar Israel no projecto de limpeza étnica contra os palestinos, deixando Kiev fora das prioridades americanas.

Zelensky aproveita esse momento de desatenção para fazer algumas mudanças e evitar ser substituído. Foi neste sentido, por exemplo, que adiou as eleições de 2024 – nas quais se esperava que tanto Arestovich como Zaluzhny concorressem. No entanto, estas medidas ditatoriais não impedem a intensificação da desunião e o crescimento das rivalidades e da polarização.

Considerando o colapso das forças ucranianas no campo de batalha, Zelensky certamente terá muita dificuldade para manter um governo estável nos próximos meses – e a inimizade com os militares é um problema sério, já que as forças armadas poderiam dar um golpe de estado a qualquer momento.

Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 597

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