Muito se fala em nacionalismo hoje em dia, mas é verdade que o termo “nacionalismo” oculta uma certa polissemia – há nacionalismos burgueses, nacional-comunismos, nacionalismos desenvolvimentistas puramente materialistas, nacionalismos de terceira via, fascismos e patrioteirismos chauvinistas rancorosos, bem como há um Grande Nacionalismo, verdadeiramente orgânico e popular.
É esse Grande Nacionalismo que almejamos. Esse macro-nacionalismo, estrela guia da Quarta Teoria Política, que de fato define o que chamamos de “nacionalismo revolucionário”, é fundamentalmente integrador e marcado por uma síntese entre as formas válidas e justas de nacionalismo e orgulho identitário. Ele vive naquele ponto místico em que Teoria e Praxis – Idealismo e Pragmatismo – se encontram.
Minha tarefa neste pequeno artigo será desenvolver um pequeno panorama de um aspecto essencial desse “grande nacionalismo” que se opõe tanto ao globalismo liberal quanto ao pequeno nacionalismo ressentido e insosso.
Falo da conexão sagrada, justa, e natural entre os vários níveis de nacionalismo. Examinemos esse aspecto do nacionalismo revolucionário tendo em mente a nossa realidade, como brasileiros e ibero-americanos.
Há 5 níveis organicamente interconectados de nacionalismo – um está ligado à Civilização (continentalismo da Pátria Grande Ibero-Americana), um ao Brasil (patriotismo estatal brasileiro), um à Identidade (identitarismo etnocultural), outro à Região (regionalismo estadual), e por fim, ao Município (municipalismo). Todos esses níveis são indispensáveis para um nacionalismo verdadeiramente revolucionário, nobre, grandioso, justo e comunitário.
Examinemos um a um brevemente.
1º – Continentalismo: pela Integração Nacionalista e Soberana da Civilização Ibero-Americana
O Brasil é parte de um grande continente, de um grande espaço mais amplo. Nós partilhamos com nossos “hermanos” uma longa história e profundas raízes étnicas, culturais e religiosas. O que nos assemelha, acima de tudo, é sermos herdeiros de uma civilização que surgiu da síntese entre o Europeu Ibérico (espanhois e portugueses) e o Indígena Americano – uma simbiose entre o ideal do Cavaleiro Católico e do Índio Americano. Temos em comum uma profunda influência católica na nossa cultura, uma nobre tendência ao caudilhismo, uma relação peculiar com o tempo (que para nós é maturação), relação essa que nos distingue absolutamente dos ingleses com seu “time is money” utilitarista e dos franceses modernos com seu “laissez faire” liberal. Acima de tudo, uma visão hierárquica do mundo e uma bendita preferência por nós mesmos – manifestada no Brasil na Batalha de Guararapes, na expulsão do invasor francês e holandês.
Mais além do aspecto idealista e identitário de pertencermos a uma mesma civilização, nós também temos inimigos em comum e a integração nos interessa mesmo se tivermos em mente apenas motivos puramente pragmáticos. Uma América Ibérica coordenada resolveria em questão de minutos a questão das Malvinas, de Esequibo, das Guianas e da tentativa de ocupação da nossa Amazônia. Separados somos fracos, unidos somos invencíveis.
Evidentemente, a integração continental deve se realizar em termos com os quais todos os países, e seus povos, possam concordar, de forma livre e unânime, em um espírito de fraternidade e de solidariedade civilizacional.
Rumo ao Império Crioulo e Caboclo. Rumo à Nova Roma.
2º – Patriotismo Estatal Brasileiro: o Brasil há de ser uma Nova Roma, e um verdadeiro escudo de todos os povos e etnias do Brasil
Já comentamos sobre o que nos faz semelhante aos nossos irmãos do continente. Agora lembremos do diferencial que nos define – nosso tronco ibérico, como grande exceção do continente, é português em vez de espanhol. Mais além, nosso país se manteve inteiro e em dimensões continentais, diferentemente de nossos vizinhos que se fragmentaram em vários pequenos países graças às artimanhas do inimigo anglossaxão. Quiçá por conta de nosso tamanho imenso, guardamos também dentro de nossos territórios uma diversidade incomparavelmente enorme de culturas, etnias, e identidades regionais – vaqueiros, caboclos, sertanejos, caipiras, gaúchos, ítalo-brasileiros, brasileiros germânicos, ribeirinhos e bandeirantes.
Isso nos leva a uma conclusão bastante justa – precisamos, primeiramente, defender o fortalecimento e libertação do Brasil rumo à sua Soberania REAL e efetiva, pois essa joia luso-indígena é nossa e não queremos viver em um mundo em que “nós” sejamos dissolvidos no inferno cosmopolita do Fim da História. E para além disso, olhando do ponto de vista das várias identidades regionais, étnicas e culturais do nosso país, o fortalecimento do Brasil é absolutamente necessário para impedir que essa enorme riqueza cultural não seja nem escravizada pelos intentos do imperialismo anglo-americano, nem dissolvida no rolo compressor do globalismo.
Lutemos por uma Pátria de Trabalhadores Livres, um Brasil capaz de fazer o inimigo ao Norte tremer.
3º – Identitarismo Etnocultural
Todo homem é parte de algum agrupamento étnico, comunitário ou cultural. Esse senso de pertencimento precisa ser revitalizado, pois é o primeiro passo rumo à formação de um sentimento nacionalista orgânico e autêntico.
A possibilidade de participação em uma comunidade etnocultural enraizada é fundamental para a autocompreensão do homem e, assim, para torná-lo um cidadão funcional, capaz de reproduzir e aprofundar as características, habilidades, perspectivas, saberes e costumes de seus ancestrais. Defendemos a possibilidade de auto-organização autônoma de todo e qualquer grupo étnico, cultural ou etnocultural do Brasil, nos espaços geográficos nos quais estejam enraizados, sejam eles municipais, submunicipais ou supramunicipais, de forma a fazer vigorar, nestes espaços, a sua cosmovisão e as suas tradições. Acreditamos que aí reside a raiz da mais alta liberdade comunitária possível. Neste quesito, não deve haver duplicidades ou hipocrisia. O que deve valer para caiapós ou quilombolas deve valer para germânicos, ítalo-brasileiros ou açorianos, sem exceções de qualquer tipo.
Como nota, lembremo-nos que muitos “nacionalismos” do passado tentaram nivelar as culturas e identidades locais em prol de uma identidade central única, mas o grande resultado foi o desenraizamento e o fortalecimento do discurso separatista.
4º – Regionalismo Estadual
Para todos os efeitos, se por um lado temos uma grande semelhança que interliga todas as regiões de nosso país – a síntese do ibérico com o índio – temos, no entanto, a nível regional, elementos diferenciais fortes que não podem ser ignorados.
Em algumas regiões do Brasil há mais herança africana, em outras menos. Algumas regiões são mais lusitanas, outras são mais fortemente indígenas. Umas tem como figura central o bandeirante, outras o gaúcho.
Não deixemos que haja contradição entre o Regionalismo e o Nacionalismo. Amemos nossas regiões, pois elas são um pequeno reflexo parcial do Todo que é o Brasil.
5º – Municipalismo
Assim como a menor unidade social é a Família, a menor unidade política é o Município. O Município é onde a maioria das pessoas realizam todas as suas interações comunitárias: é o centro geográfico da vida cotidiana. Deste modo, Municipalismo é a elevação do Municípios ao estatuto de atores socialmente relevantes na política nacional. O Município, no entanto, não deve se sobrepor a Pátria, assim como as Pessoas não devem se sobrepor à Comunidade. A relação entre todos estes atores deve ser de interação, obedecendo um certo grau de hierarquia.
É preciso pensar na importância da subsidiariedade. Os municípios devem ter autonomia para resolverem localmente os problemas locais. É preciso que o militante nacional-revolucionário seja também um zelador de sua comunidade local – toda forma de revitalização do espírito comunitário em nossos municípios é uma pequena vitória para nossa causa e um pequeno golpe na serpente liberal-globalista.
Municipalista, regionalista, patriótico, identitário (no sentido verdadeiro e justo do termo, não na paródia pós-moderna das pseudo-identidades progressistas), imperial – assim deve ser o nacionalista-revolucionário.