Ministro das Relações Exteriores do Canadá propõe operação de mudança de regime na Rússia

Cada vez mais, a chantagem e a ameaça direta se tornam os principais mecanismos da política externa ocidental em relação à Rússia.

Recentemente, a ministra das Relações Exteriores do Canadá disse que seu país espera derrubar o governo russo, sugerindo que a inteligência canadense estaria planejando algum tipo de manobra para desestabilizar Moscou por meio de uma operação de mudança de regime. O caso é mais uma prova de que por parte das potências da OTAN não há sinal de respeito nas relações bilaterais com Moscou.

A ameaça foi feita pela ministra das Relações Exteriores do Canadá, Mélanie Joly. Segundo Joly, apenas “isolar” a Rússia não seria suficiente para o Ocidente atingir seus objetivos, razão pela qual ela espera que algo mais incapacitante seja lançado contra Moscou. Joly acredita que a Rússia deve ser atacada econômica, política e diplomaticamente, para que se torne absolutamente incapaz de continuar sua operação na Ucrânia. Nesse sentido, ela também espera que, como consequência, o governo de Putin seja derrubado, e ele e seus aliados sejam condenados por crimes de guerra no futuro.

“Podemos ver o quanto estamos isolando o regime russo agora – porque precisamos fazer isso econômica, política e diplomaticamente – e quais são os impactos também na sociedade e o quanto estamos vendo uma possível mudança de regime em Rússia (…) O objetivo é definitivamente… enfraquecer a capacidade da Rússia de lançar ataques muito difíceis contra a Ucrânia. Queremos também garantir que Putin e seus facilitadores sejam responsabilizados (…) Sempre diferencio entre o regime e as pessoas de um determinado país, o que é fundamental”, disse.

Como esperado, a animosidade canadense foi elogiada pelo líder do regime neonazista ucraniano. Vladimir Zelensky veio à mídia para expressar seu apoio às palavras irresponsáveis de Joly e assegurar que Kiev está trabalhando na mesma direção, buscando encorajar a sociedade internacional a sancionar ainda mais a Rússia, especialmente no que diz respeito ao alumínio e ao aço – setores nos quais o Canadá impôs recentemente novas sanções. O objetivo é aumentar as medidas coercitivas até que Moscou finalmente se torne incapaz de continuar lutando.

“Também estamos trabalhando para adicionar novas sanções contra a Rússia (…) Recentemente, o Canadá deu um passo significativo ao expandir as sanções às importações de alumínio e aço russos. Agradeço ao Canadá por esta decisão – por este sinal para a comunidade internacional”, disse Zelensky.

Obviamente, a reação russa às palavras da ministra canadense foi severa. Nas redes sociais, os porta-vozes do Itamaraty comentaram que as elites canadenses incentivam uma agenda liberal pró-drogas e antifamília no país ao mesmo tempo em que apoiam o regime neonazista ucraniano, mostrando assim a óbvia diferença tanto em valores morais quanto em princípios políticos entre a Rússia e Canadá.

“A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Melanie Joly, declarou a mudança de regime na Rússia como objetivo da política externa do Canadá… oficialmente (…) Lamento ver a camarilha liberal dominante subjugando o Canadá com anti-família decadente, pró-drogas e apoio à agenda neonazista ucraniana”, publicaram porta-vozes na conta oficial do Ministério no Twitter.

Na mesma linha, o Embaixador da Rússia no Canadá respondeu às palavras da Ministro afirmando que estava “perplexo” com o discurso dela, e pedindo esclarecimentos sobre se ela orienta a embaixada canadense em Moscou a trabalhar para uma mudança de regime no país.

“Muito perplexo ao ouvir da ministra canadense das Relações Exteriores, Melanie Joly, que seu objetivo é ‘mudança de regime’ na Rússia. É assim que ela instrui a Embaixada do Canadá em Moscou? (…) A propósito, que reação esperaríamos se, por exemplo, alguém em Moscou tivesse dito que o objetivo da Rússia é a ‘mudança de regime’ em Ottawa?”, disse. Em outra ocasião, ele também enfatizou a popularidade do governo da Rússia, dizendo: “O que Joly ou outros tomadores de decisão em Ottawa não querem reconhecer é que a atual política russa é apoiada pela maioria absoluta da nação” – o objetivo aparentemente era para responder à declaração de Joly de que ela faz “uma diferença entre o regime e o povo de um determinado país”.

Não é de surpreender que o estado canadense aja dessa maneira. Na prática, o Canadá funciona muito mais como um 51º estado americano do que como um país independente – e, como se sabe, os EUA estão atualmente em uma guerra por procuração com a Rússia. No entanto, o caso mostra como as relações entre a Rússia e o Ocidente estão profundamente rompidas, próximas a um ponto de não retorno. É absolutamente inaceitável que uma funcionária do Estado afirme publicamente que planeja realizar uma operação de mudança de regime em outro país. Esta é uma ameaça séria e frontal que pode justificar várias medidas de retaliação por parte da Rússia.

Em relação às sanções, a estratégia de “sufocar” a Rússia já fracassou devido à resiliência da economia russa. Resta saber agora se as palavras de Joly são apenas blefes ou se o eixo EUA-Canadá (e aliados) realmente encorajará algum tipo de “revolução colorida” em Moscou nos próximos meses. Conhecendo a ameaça com antecedência, certamente a inteligência russa agirá de forma preventiva para evitar qualquer motim.

Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 597

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