Quarta teoria política e os BRICS

Como a Quarta Teoria Política de Dugin pode nos ajudar a entender porque algumas nações dentro dos BRICS reagem de forma tão diferente às exigências dos EUA/NATO?

Embora o comando estratégico dos EUA (STRATCOM) seja aquele engajado no apelo por um “aumento do arsenal militar dos EUA”, a Rússia e a China são os principais acusados de conduzir uma escalada nuclear.

E algumas nações do BRICS, como a Índia, parecem concordar com isso.

Por um lado, temos os ministros da Índia e do Brasil falando sobre o absurdo da agressão russa, por outro, temos os representantes chineses e russos das relações exteriores falando não de uma escalada nuclear russa, mas de uma norte-americana.

Em seu livro A Quarta Teoria Política, Dugin classifica como os países fora da esfera anglo-saxônica e da OTAN lidam com a ordem mundial unipolar.

Ele dividiu esses países em quatro categorias.

A 1ª categoria consiste em estados que tentam adaptar suas sociedades aos padrões ocidentais e manter relações amigáveis com o Ocidente e os EUA, a fim de evitar a dessoberanização direta e total.

Estas nações são a Índia, Turquia, Brasil e até certo ponto a Rússia e o Cazaquistão.

O 2º consiste nos estados que estão prontos para cooperar com os EUA, mas sob a condição de não-interferência em seus assuntos domésticos; tais como a Arábia Saudita e o Paquistão.

Os 3º são aqueles estados que, enquanto cooperam com os EUA, observam estritamente a particularidade de sua sociedade através da filtragem permanente do que é compatível na cultura ocidental com sua própria cultura e do que não é e, ao mesmo tempo, tentam usar os dividendos recebidos por esta cooperação para fortalecer sua independência nacional; como a China, e, às vezes, a Rússia.

Finalmente, o 4º consiste daqueles estados que tentam se opor diretamente aos EUA, rejeitando os valores ocidentais, a unipolaridade e a hegemonia EUA/Ocidental; incluindo Irã, Venezuela e Coréia do Norte.

Como Índia e Brasil pertencem à 1ª categoria e como a implementação da OME marca a ruptura total das já instáveis relações Rússia-UE, a outrora dividida Rússia agora se move integralmente como parte da 3ª categoria ao lado da China.

Isto polariza ainda mais o bloco.

É por isso que países como o Brasil, cujo atual presidente, que já foi golpeado pelos EUA, deve agora pisar com extrema cautela nestas águas geopolíticas turbulentas.

Enquanto ele envia seu chanceler para se encontrar com Lavrov, ele, no dia seguinte, praticamente se senta com Zelensky.

É justo dizer que o desafio atual para os BRICS como um bloco geopolítico heterogêneo é manter sua unidade.

Haverá ainda um equilíbrio justo no trato com as exigências da OTAN/EUA? Ou haverá uma recalibração significativa das políticas diplomáticas?

Somente o tempo o dirá.

Fonte: Twitter

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Lady Fae
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