Renúncia de Alexey Arestovich expõe os problemas internos do regime de Kiev

A crise interna de Kiev está se tornando mais clara. Alexey Arestovich, principal conselheiro do presidente ucraniano, renunciou ao cargo depois de admitir que a tragédia no Dnepr foi provocada pelas próprias forças ucranianas. A demissão do conselheiro expõe fragilidades internas do regime neonazista, contrariando a narrativa ocidental sobre o que acontece em Kiev.

Em uma tentativa fracassada de elogiar o sistema de defesa aérea da Ucrânia, o conselheiro Alexey Arestovich revelou que o recente ataque a uma área civil em Dnepr foi causado por forças ucranianas. Segundo ele, a defesa de Kiev disparou contra mísseis russos no Dnepr, levando, como efeito colateral, ao incidente contra prédios civis da região. Imediatamente, os ouvintes interpretaram suas afirmações como uma confissão de que Kiev seria responsável pela morte de civis no Dnepr, contradizendo a narrativa de que os russos haviam bombardeado deliberadamente a região.

Em decorrência da pressão que sofreu por ter falado a verdade sobre o caso, Arestovich decidiu deixar o cargo no governo ucraniano, anunciando a escolha em suas redes sociais. Ele publicou uma carta de demissão em sua página do Facebook na manhã de 17 de janeiro. Poucas horas depois, porta-vozes do governo confirmaram que ele não é mais conselheiro do presidente Volodymyr Zelensky.

Segundo o assessor, sua decisão mostrou “um exemplo de comportamento civilizado”, já que houve de sua parte “um erro grave, cometido durante uma transmissão ao vivo”. No entanto, Arestovich condenou as reações negativas que recebeu devido ao seu erro e que o levaram a renunciar. Ele disse: “O nível de ódio direcionado a mim é incomparável com as consequências do erro ao vivo”.

Até agora, o governo ucraniano continua negando responsabilidade pelo caso Dnepr. Embora Arestovich, que era um alto funcionário do governo, tenha admitido que Kiev lançou mísseis de defesa na região, mesmo citando fontes militares confiáveis que estavam no local no momento, o Ministério da Defesa ucraniano insiste que não houve disparo contra projéteis russos. De acordo com porta-voz do Ministério, nenhum projétil foi lançado, pois os militares ucranianos sabiam que não seriam capazes de interceptar os mísseis de cruzeiro russos Kha-22 usados na operação.

Na verdade, parece haver uma guerra de narrativas que reflete a dura realidade ucraniana: o país está dividido e com muitos problemas internos. De acordo com a mídia ocidental, Kiev está unida em torno de um objetivo comum de derrotar os russos. Os grandes meios de comunicação afirmam que a liderança de Volodymyr Zelensky conta com amplo apoio popular e um forte time de aliados em todos os setores do governo. Mas na prática a situação é bem diferente.

Há uma disputa entre diferentes grupos em Kiev, que cresce a cada dia, à medida que mais e mais autoridades ucranianas deixam de apoiar algumas das ações irresponsáveis do governo. Há alguns políticos e burocratas que querem mudar as políticas do país, mas são impedidos pelo comando central, que está diretamente subordinado à OTAN e comprometido com os interesses ocidentais. Conseqüentemente, quando um membro do governo comete o “erro” de apontar uma falha na conduta ucraniana, há forte pressão para destituí-lo do cargo e colocar outro, mais subserviente, em seu lugar.

Não é possível dizer se Arestovich realmente cometeu uma gafe ao sugerir a responsabilidade ucraniana pelo ataque ou se sua intenção era realmente confrontar a narrativa oficial do governo e revelar a verdade. O fato é que sua saída certamente não foi apenas uma tentativa de resolver o caso de forma “civilizada”, mas consequência de fortes pressões de grupos intransigentes do governo, que não querem admitir nenhum dos erros da Ucrânia no conflito.

É provável que a atitude de Arestovich tenha um sério efeito dominó em Kiev e mais oficiais deixem suas fileiras em um futuro próximo. O fato de nem mesmo um importante assessor presidencial estar imune a pressões de militantes internos pode servir de motivo para que outros burocratas também abandonem suas funções no governo.

Aliás, o mais importante na análise do caso é a conclusão inevitável de que as coisas não vão bem em Kiev. Há flagrante desunião e contradições internas cada vez mais evidentes. Além disso, com a opinião pública ciente de que Kiev foi responsável pelas 45 mortes no Dnepr, espera-se que a popularidade do governo caia ainda mais. Em breve, a mídia ocidental não poderá mais esconder a desunião e impopularidade que atualmente afetam o regime neonazista.

Fonte: InfoBrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 598

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