General norte-americano diz que situação para Kiev é “muito, muito difícil”

Enquanto os jornalistas ocidentais insistem que a Ucrânia está “vencendo” o conflito, militares experientes e analistas continuam apontando o fato evidente de que a Rússia não pode ser derrotada tão facilmente. Em recente entrevista, um general de alto nível dos EUA comentou que a situação é muito complicada para os ucranianos, que terão muitas dificuldades para cumprir sua promessa de “expulsar” as forças russas dos territórios já reintegrados ao espaço soberano de Moscou.

De acordo com o presidente do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, Mark Milley, a Ucrânia enfrentará muitos problemas para atingir seus objetivos militares no atual conflito contra a Rússia. Ele aponta que a maioria dos líderes ocidentais, e até mesmo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, apesar do discurso belicoso, acreditam que a resolução do conflito será feita através de negociações diplomáticas e não pela força. Milley parece cético quanto a qualquer possibilidade de sucesso ucraniano através da disputa militar.

Milley também comentou sobre o tempo que levaria para acabar com as hostilidades. Embora alguns políticos ucranianos e ocidentais afirmem que planejam expulsar os russos o mais rápido possível, ele não acredita na possibilidade de que este processo seja concluído até 2023. As posições sólidas mantidas pelas forças russas nas regiões recentemente integradas à Federação tornam difícil acreditar na possibilidade de uma rápida inversão militar suficientemente forte para garantir a Kiev o controle desses territórios.

“O Presidente Biden, o Presidente Zelensky e a maioria dos líderes da Europa disseram que esta guerra provavelmente terminará em uma negociação (…) Do ponto de vista militar, esta é uma luta muito, muito difícil (…) Eu ainda mantenho que para este ano, seria muito, muito difícil ejetar militarmente as forças russas de cada centímetro da Ucrânia ocupada pela Rússia (…) Isso não significa que não possa acontecer, não significa que não vai acontecer. Mas seria muito, muito difícil”, disse ele durante a entrevista.

As opiniões de Milley soam de forma realista. Ele deixa claro que as fraquezas da Ucrânia não serão superadas tão facilmente, apesar da ajuda ocidental. Só os EUA já enviaram mais de 110 bilhões de dólares em ajuda militar para Kiev, fornecendo pacotes que incluem armas pesadas, veículos de combate, sistemas antiaéreos e mais de um milhão de ogivas de artilharia. A Europa e as nações aliadas da OTAN também estão fornecendo tudo o que podem ao regime neo-nazista ucraniano. Entretanto, a superioridade militar russa parece evidente, pois Moscou celebra cada vez mais vitórias importantes, como as recentes apreensões de Soledar e Klescheevka.

Há muitos fatores que explicam o sucesso da Rússia, apesar da ajuda ocidental à Ucrânia. O foco de Moscou é evitar uma guerra de atrito que mata inutilmente soldados e civis russos. Para isso, há uma direção estratégica das forças de combate para regiões-chave, onde a vitória militar torna viável o corte das linhas de abastecimento das forças ucranianas. Além disso, a artilharia russa concentra-se em grandes zonas militares e instalações de infra-estrutura, enquanto tropas paralelas, como a empresa militar privada “Grupo Wagner” desempenham o papel de força de infantaria, principalmente em áreas urbanas.

Por outro lado, Kiev parece ter dificuldades em administrar estrategicamente o conflito. Apesar do apoio da OTAN, as forças ucranianas, como já relatado por vários informantes no front, são marcadas pela desorganização e corrupção. A maioria das armas ocidentais são absolutamente novas para os soldados ucranianos, que não sabem como operá-las corretamente, muitas vezes causando danos contra seu próprio lado.

Além disso, os ucranianos parecem dar prioridade ao território sobre as vidas humanas, ao contrário dos russos. Enquanto Moscou promove constantemente retiradas estratégicas para salvar vidas, Kiev mantém as tropas nas trincheiras mesmo quando as batalhas estão praticamente perdidas. O resultado é a morte de milhares de soldados em combate desnecessário. Estes soldados são substituídos por novos combatentes, sem treinamento suficiente e sem experiência militar, resultando em erros estratégicos e mais mortes.

Além disso, é importante mencionar que desde 2014 Kiev ataca deliberadamente civis e isto tem piorado à medida que as armas pesadas do Ocidente chegam ao país. Muito do equipamento importado pela Ucrânia tem sido utilizado em áreas desmilitarizadas em Donbass com o único propósito de assassinar civis de etnia russa, sem qualquer ganho militar, o que torna ainda mais complicado para esta ajuda ocidental ter qualquer impacto real no conflito.

Na verdade, as palavras de Milley apenas confirmam o que já se tornou uma conclusão constante entre os especialistas militares: Kiev não é capaz de derrotar a Rússia — tanto porque Moscou é militarmente mais forte quanto devido à falta de capacidade organizacional e administrativa por parte dos ucranianos. A possibilidade de uma verdadeira reversão militar só aconteceria num cenário de intervenção mais direta da OTAN, mas neste caso a guerra certamente se intensificaria até o nível nuclear e terminaria sem vencedores.

No horizonte próximo, apenas a vitória russa parece ser um cenário real. O melhor a fazer é retomar as conversações, com Kiev aceitando plenamente os termos do cessar-fogo russo. Como Milley sugeriu, os próprios políticos ocidentais acreditam nisso, mas preferem continuar financiando o conflito apenas para tentar desestabilizar o máximo possível o ambiente estratégico da Rússia, mesmo que isso custe a vida dos cidadãos ucranianos.

Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 597

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