Os bolsonaristas caíram na arapuca da Juristocracia

Os bolsonaristas caíram na armadilha mais previsível e tosca já montada na história política brasileira. Foram os bois de piranha em uma estratégia de tensão da qual só o bolsonarismo não vai conseguir tirar vantagem.

Os bolsonaristas caíram na armadilha mais previsível e tosca já montada na história política brasileira. Foram os bois de piranha em uma estratégia de tensão da qual só o bolsonarismo não vai conseguir tirar vantagem.

Mais de 24 horas depois podemos ter certeza: os bolsonaristas caíram na armadilha mais previsível e tosca já montada na história política brasileira. Foram os bois de piranha em uma estratégia de tensão da qual só o bolsonarismo não vai conseguir tirar vantagem.

Vejam: há anos a liderança olavo-bolsonarista tem alimentado uma perspectiva niilista de destruição e sabotagem generalizada do Estado brasileiro. Por um lado, isso alimentou um messianismo desviado em uma camada de base do bolsonarismo, crente na necessidade de uma ruptura instantânea e cataclísmica para refazer o Brasil. Por outro lado, retirava qualquer motivação de utilizar o mandato conquistado de forma positiva, construtiva e propositiva. Bolsonaro não tentou deixar sua marca na estatalidade brasileira ou deixar um legado. Ele apenas ocupou a cadeira e quando não tentou diluir o Estado, tomou medidas por decreto facilmente desfeitas por qualquer governo seguinte. Mas antes mesmo disso e vinculado à construção desse tipo de imaginário niilista, já atuava no Brasil uma guerra híbrida dirigida pelo Deep State dos EUA. Essa guerra híbrida visava construir o mito de uma ação direta por parte de um povo sem líderes, sem movimento, sem doutrina, única força “legítima” apta a “acabar com a corrupção”. Esse mito do protagonismo da massa era o elemento de que o lava-jatismo necessitava para simular legitimidade popular em sua obra de desconstrução do Brasil, em que por acusações de corrupção construídas pelo Departamento de Justiça dos EUA e com o Judiciário brasileiro instrumentalizado por suas contrapartes estadunidenses, se tentou destruir o parque industrial brasileiro, que já vinha sofrendo com a desindustrialização neoliberal.

Em um outro vértice do cenário nacional, uma esquerda também niilista e desconstrucionista, educada no politicamente correto e no liberalismo pós-moderno, assumiu a hegemonia dentro da esquerda, botando pra escanteio o discurso classista e soberanista que ainda existia. Essa esquerda, categoricamente antinacional, iniciou uma escalada de demandas e ataques intermináveis, do âmbito racial ao de gênero, dirigidos contra o cidadão comum, acusado de fascista.

Nas eleições, políticos dedicados a tentar restaurar a unidade nacional não conseguiram convencer o povo de seu valor em um cenário político em que liberais de direita e de esquerda conseguiram vender o teatro de um confronto apocalíptico entre o bem e o mal, a civilização e a barbárie, a liberdade e o comunismo/fascismo. As campanhas de Lula e Bolsonaro estavam pautadas na oposição ao outro e, portanto, apostaram na polarização.

Fingindo neutralidade e imparcialidade, um STF educado no ativismo judiciário se aproveitava da polarização para servir como “Poder Moderador” em uma república em caos, acumulando cada vez mais poder, dirigido em um momento contra a esquerda, em outro momento contra a direita, sempre sob aplausos do aliado da vez.

São todos os elementos que indicam uma estratégia de tensão, em que se incentiva, por infiltrados ou por manipulação, ataques dos dois lados com o objetivo de polarizar e de fortalecer alguma instituição tida como “a única” apta a preservar a lei, a ordem e a paz. Claro, há também os setores que apostam no caos permanente.

Compõe o quadro o fato de que a posição de Lula é frágil. Sua aliança é ampla e heterogênea demais, e sua legitimidade é baixa. Ao mesmo tempo, apesar de ter sido solto para representar os interesses globalistas, ele ainda é alvo de desconfiança, então é sempre necessário colocá-lo contra a parede. Mas o próprio governo Lulalckmin, que prometeu “governar para todos”, além de encher seus ministérios de agentes da Open Society, vomitou vingança, perseguição política, “engenharia da memória histórica”, acusações de fascismo e toneladas de abortismo e ideologia de gênero. O Judiciário exigiu confisco de armas e na semana anterior à posse praticamente liberou a “invasão domiciliar”.

Em tempo (ainda sobre o bolsonarismo): as evidências são muito óbvias: é fato que manifestantes foram conduzidos a Brasília por gente com vínculos empresariais e talvez conexões internacionais; é fato que a ABIN e o Ministério de Defesa avisaram o governo federal e distrital sobre os riscos de manifestação violenta em Brasília; é fato que, de posse de conhecimento prévio, esses governos foram negligentes e/ou coniventes; é fato que a Juristocracia e outros setores aproveitarão a situação para ampliar seus poderes e escalar a perseguição política.

O Bolsonaro, enquanto isso, fugiu. E não me parece que fugiu apenas com medo do Alexandre de Moraes. Mas também com medo de estar montado em uma situação já fora de seu controle, apesar d’ele ter ajudado a alimentar o clima anarcoide e niilista ao longo dos anos. Com isso, ele conseguiu perder o respeito de boa parte de seus seguidores, sem realmente conseguir se salvar.

Lula tenta demonstrar força e permanecer no controle da situação, mas é sabotado por Moraes e pressionado pela esquerda para que se livre de ministros conservadores, e por forças internacionais para que permaneça alinhado ao globalismo tal como prometido. Em uma situação cada vez mais frágil, não é impossível que ele acabe, eventualmente, renunciando ou sofrendo impeachment.

Aos bolsonaristas cabe perceber a furada em que caíram. Enquanto isso, nos resta construir uma alternativa nacionalista que, de fato, não pode ser instrumentalizada tão facilmente pelos inimigos do Brasil e não caia na falsa polarização direita/esquerda.

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Raphael Machado

Advogado, ativista, tradutor, membro fundador e presidente da Nova Resistência. Um dos principais divulgadores do pensamento e obra de Alexander Dugin e de temas relacionados a Quarta Teoria Política no Brasil.

Artigos: 26

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