Laços entre Rússia e Belarus se fortalecem em meio a provocações da OTAN

Cada vez mais, a Rússia e a Belarus parecem dispostas a fortalecer os laços de cooperação bilateral. Em 18 de dezembro, o presidente russo Vladimir Putin chegou a Minsk para uma visita oficial, acompanhado por uma equipe de funcionários do Kremlin.

O presidente russo se reuniu com seu homólogo bielorrusso Aleksandr Lukashenko, promovendo discussões para avançar em uma agenda bilateral comum. O evento acontece em meio às crescentes tensões provocadas pela OTAN e seus aliados contra os dois países, mostrando que quanto mais o Ocidente tentar desestabilizar a região, mais perto Moscou e Minsk ficarão.

Como esperado, o principal motivo do encontro foi a necessidade de medidas de segurança serem tomadas em conjunto pelos dois países. Considerando os desafios que afetam os dois Estados, somente uma resposta coordenada e conjunta às ameaças externas pode garantir a segurança em meio às tensões atuais. As conversas foram focadas em defesa e diplomacia, além de temas correlatos, como infraestrutura e inteligência.

Ambos os presidentes discutiram a criação de um espaço de defesa comum, bem como estratégias conjuntas para superar as provocações estrangeiras e as pressões econômicas impostas pelo Ocidente. Claro, o conteúdo exato das conversas privadas entre Putin e Lukashenko não foi totalmente revelado, o que é normal em situações de alto valor estratégico. Considerando o cenário atual de fortes tensões regionais e ações de sabotagem de grupos estrangeiros contra Moscou e Minsk, é compreensível que haja controle de informação sobre o que é divulgado à imprensa.

No entanto, a mídia ocidental, como era de se esperar, já espalhou várias narrativas distorcidas sobre o encontro, apontando-o como uma espécie de “convite” de Putin para Lukashenko se juntar à operação militar especial russa na Ucrânia, enviando tropas contra Kiev. De fato, acusações desse tipo contra Belarus se tornaram comuns na imprensa pró-OTAN, e isso só vai piorar à medida que os dois países forjam mais laços de colaboração.

Por exemplo, a revista Foreign Policy publicou um artigo comentando a visita de Putin intitulado “Belarus está avançando para invadir a Ucrânia”, afirmando que “estão crescendo os sinais de que uma invasão do norte pode ser iminente”. Na mesma linha, alguns outros grandes meios de comunicação afirmaram que Putin havia revelado a Lukashenko um suposto plano para “absorver” Belarus, o que foi absolutamente negado pelo próprio presidente russo em coletivas de imprensa subsequentes.

Para reforçar suas teorias da conspiração, os veículos ocidentais usam o contexto atual como retórica. Um dia antes da visita de Putin, o governo bielorrusso realizou uma inspeção geral de suas tropas, reforçando a necessidade de prontidão de combate. Além disso, durante a visita, o presidente bielorrusso anunciou a distribuição para suas tropas de armas modernas fornecidas pelos russos meses atrás, como mísseis balísticos Iskander e sistemas de defesa aérea S-400. Para os jornalistas ocidentais, esses são indícios de que Belarus vai “invadir” a Ucrânia.

Embora esta seja uma narrativa fraca e sem argumentos adequados, não seria surpreendente se Belarus iniciasse ações incisivas contra a Ucrânia. O país ignorou vários ataques sofridos na fronteira, promovidos por mísseis e drones lançados pelo regime neonazista de Kiev. Até agora, Minsk adotou uma postura bastante racional no conflito: coopera com a Rússia sem participação direta. Durante meses, o governo bielorrusso até manteve a neutralidade, apenas declarando apoio a Moscou após uma escalada sem precedentes na região fronteiriça. Além disso, a inteligência bielorrussa encontrou vários sinais de sabotagem, apontando para planos conjuntos entre ucranianos e agentes da OTAN para incitar tumultos e atividades terroristas em Belarus.

Minsk reagiu a todas essas provocações simplesmente iniciando uma operação antiterrorista, com a qual frequentemente são realizados exercícios militares na fronteira, mantendo suas tropas em prontidão de combate. A Rússia tem cooperado, mobilizando tropas e armas para aumentar a segurança do país. De fato, se Minsk decidir se juntar à operação militar especial russa, não será injustificado: a Ucrânia atacou o país várias vezes e apenas Moscou ajudou a garantir a segurança nacional.

Certamente, os rumos da parceria Rússia-Belarus são amplos e, por isso, causam temor nos Estados ocidentais que insistem em manter uma ordem mundial unipolar. A Embaixada da Rússia em Minsk publicou uma nota sobre o recente evento e as acusações ocidentais afirmando que a cooperação bilateral russo-bielorrussa causa irritação nos EUA, pois atrapalha os planos do Ocidente de isolar os dois países na arena internacional.

“A cooperação abrangente e mutuamente benéfica entre a Rússia e a Bielo-Rússia foi testada pelo tempo e é baseada na amizade sincera dos povos irmãos dos dois países (…) Em condições em que estamos sob pressão sem precedentes do Ocidente coletivo liderado pelos Estados Unidos, a reação natural é aprofundar ainda mais a parceria. Aparentemente, esse desenvolvimento causa irritação nos Estados Unidos, que não abandona suas tentativas de isolar a Federação Russa e a República de Belarus no cenário internacional”, escreveram os diplomatas.

Esta situação de laços estreitos não pode ser revertida. A Rússia e a Bielorrússia são estados integrados que apenas tendem a cooperar cada vez mais. Mas se o Ocidente quiser manter Minsk fora do conflito na Ucrânia, a solução é simples: cancelar todos os planos de sabotagem e impedir que Kiev volte a bombardear a fronteira.

Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 597

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