Atentados em escolas: uma doença importada

Atentado terrorista no ES expõe um espinhoso problema social e civilizacional.

Atentado terrorista no ES expõe um espinhoso problema social e civilizacional.

Em um momento como esse, de um massacre escolar no Espírito Santo, abunda, infelizmente, o oportunismo político quando a prioridade deveria ser a solidariedade e a reflexão profunda, mais que a instrumentalização propagandística.

Certamente, já deve haver muita propaganda preparada para explorar os fatos. O caso já está sendo usado, por exemplo, para atacar os CACs quando nem sabemos a procedência da arma usada nos atentados. Ademais, considerando que há 700 mil CACs no Brasil, por que atentados semelhantes não são mais frequentes?

Outra propaganda pré-preparada é a conexão bolsonarista. Na única imagem disponível do terrorista, em que o mesmo está camuflado, um patch é visível, mas pela qualidade ruim não dá para identificar bem o que ele retrata. Se for uma bandeira do Brasil, como é comum em quase toda camuflagem facilmente disponível, traçarão o elo bolsonarista para aduzir que todo bolsonarista é um assassino em potencial.

Claro, outro lado não deixa de ter os seus oportunismos, como seria o uso da tragédia para dizer que se os “professores estivessem todos armados” esse atentado teria sido evitado e outras coisas mais.

O ponto não é se essas narrativas são verdadeiras ou não, mas a falta de tato de já querer correr tão rápido para soltar narrativas fechadas antes de termos informações completas.

O enfoque nas armas nubla um outro problema, que exige muito mais esforço intelectual para solucionarmos: A anomia social generalizada da juventude brasileira, cada vez mais padecendo de desagregação familiar, com um forte senso de alienação pela ausência de pertencimentos coletivos orgânicos.

O jovem brasileiro não tem propósito, missão de vida, nem crê em qualquer destino coletivo. A idade adulta lhe causa apreensão mais que esperança por causa da ausência de perspectivas laborais dignas. No caso específico de meninos, a isso se somam as frustrações sexuais típicas de jovens em um período ginecocrático em que, além da hipergamia feminina, ainda há o problema da epidemia de falsas denúncias de abuso.

Essa crise é fruto de nosso aprofundamento na crise civilizacional geral que afeta o mundo ocidental e as colônias mais ocidentalizadas. Com essa ocidentalização, importamos também as várias patologias sociais estadunidenses e seus sintomas, como os massacres escolares.

Não há solução trivial para isso, que se possa promover com algum projeto legislativo ou medida executiva. Porque se trata de uma ausência de horizonte, e o horizonte até se pode projetar por força de vontade, mas não por legalismo. Os primeiros passos, porém, precisam passar pela unidade popular nacional ao redor de uma liderança carismática capaz de oferecer a esperança de um futuro por meio de um grande projeto coletivo.

A juventude hoje vive presa de um pesadelo existencial. Ela tem que voltar a sonhar com feitos de grandeza em nome da pátria.

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Raphael Machado

Advogado, ativista, tradutor, membro fundador e presidente da Nova Resistência. Um dos principais divulgadores do pensamento e obra de Alexander Dugin e de temas relacionados a Quarta Teoria Política no Brasil.

Artigos: 26

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