A crise do Partido Democrata Americano se agrava cada vez mais. Os legisladores agora pedem que o presidente Joe Biden abandone sua posição belicosa contra a Rússia e e estabeleça uma nova estratégia pela paz na Ucrânia. Recentemente, dezenas de políticos democratas formaram uma espécie de “coalizão pró-paz” na Câmara dos Deputados e escreveram uma carta a Biden exigindo uma nova direção na política externa do país.
Em 24 de outubro, 30 legisladores democratas anunciaram conjuntamente sua insatisfação com a estratégia de Biden para a Ucrânia. O grupo foi liderado por Pramila Jayapal, uma conhecida política democrata, notória por seu ativismo em prol dos direitos humanos. Jayapal atualmente preside a Bancada Progressista do Congresso, a principal facção de esquerda dos democratas. Segundo ela, para atender aos interesses do povo ucraniano e alcançar a paz, o governo dos EUA precisa rever sua estratégia.
A carta diz o seguinte: “Te exortamos [Presidente Joe Biden] a combinar o apoio militar e econômico que os Estados Unidos deram à Ucrânia com um impulso diplomático proativo, redobrando esforços para buscar uma estrutura realista de cessar-fogo (…) A alternativa à diplomacia é a guerra prolongada, com suas certezas e riscos catastróficos e desconhecidos (…) se existe uma maneira de acabar com a guerra preservando uma Ucrânia livre e independente, é responsabilidade dos Estados Unidos seguir todas as vias diplomáticas para apoiar tal solução que seja aceitável para o povo da Ucrânia”.
Em outras partes da carta, os legisladores explicam como é anti-estratégico para as nações aliadas manter a guerra por um tempo prolongado, considerando os impactos das sanções impostas à Rússia. São mencionados os danos econômicos e sociais do aumento descontrolado dos preços do gás e dos alimentos, assim como isso poderia levar o Ocidente a uma crise de escassez sem precedentes.
Deve ser enfatizado que o protesto na Câmara não foi uma manifestação pró-russa. Jayapal e seus seguidores reforçaram seu apoio à Ucrânia e endossaram Kiev como o lado “certo” no conflito, ignorando completamente os crimes de genocídio e terrorismo cometidos pelo governo neo-nazista ucraniano. No entanto, o grupo apresentou uma visão mais pragmática sobre o caminho para alcançar uma solução para a crise atual.
“Deixe-me ser clara, estamos unidos como democratas em nosso compromisso inequívoco de apoiar a Ucrânia em sua luta pela democracia e liberdade (…) Nada na carta defende a mudança nesse apoio”, disse Jayapal durante uma entrevista.
No mesmo sentido, o grupo de legisladores fez uma declaração esclarecendo sua posição em uma coletiva de imprensa: “Como também deixamos explicitamente claro em nossa carta e continuaremos a deixar claro, apoiamos o compromisso do Presidente Biden e sua administração com “nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia.”
Em resumo, o objetivo da carta era exigir de Biden uma mera revisão de sua estratégia, não uma mudança substancial na política de apoio à Ucrânia. Os democratas, embora continuando a apoiar Kiev, estão simplesmente percebendo os perigos de uma guerra prolongada e apelando para uma política externa baseada na diplomacia, evitando assim danos adicionais ao povo ucraniano e aos países que aderiram à política de sanções anti-Rússia. O caso revelou que um grupo crescente de legisladores democratas está abraçando o realismo político e buscando soluções pragmáticas para alcançar o único objetivo que realmente importa para todos os lados: a paz.
Entretanto, a “resistência pró-guerra” permanece forte entre os democratas. Muitos legisladores rejeitaram a carta e criticaram a coalizão liderada por Jayapal. Estes políticos mantêm o discurso de que a única maneira de acabar com o conflito com “justiça” é através da vitória ucraniana. Para isso, eles defendem que as armas sejam enviadas a Kiev para que as tropas russas sejam derrotadas o mais rápido possível.
O representante democrata Ruben Gallego, do Arizona, por exemplo, comentou a carta em sua mídia social afirmando: “O caminho para acabar com uma guerra? Ganhe-a rapidamente. Como ela é vencida rapidamente? Dando à Ucrânia as armas para derrotar a Rússia.”
Na verdade, este tipo de posição é absolutamente injustificada, pois todas as evidências apontam para um cenário de irreversibilidade da situação militar, com muitos especialistas afirmando que esta é uma guerra impossível de ser vencida pelos ucranianos. O objetivo americano em continuar a armar a Ucrânia é criar uma guerra por procuração prolongada para gerar instabilidade no ambiente estratégico russo. Nos EUA, os republicanos pareceram os mais abertos a esta análise realista e foram os primeiros a exigir mudanças na estratégia dos EUA. Agora, os democratas também parecem estar caminhando para uma opinião crítica sobre a política externa da Administração de Biden.
Espera-se que em breve ambos os lados da política americana compreendam a realidade óbvia: a paz só será alcançada através de negociações com a Rússia para concluir acordos que atendam às exigências de Moscou.
Fonte: Infobrics