No dia 20 de agosto, aos 29 anos de idade, foi assassinada Daria Dugina, filósofa e jornalista russa que sempre dedicou sua vida à luta pelo mundo multipolar e pela restauração da Tradição. Para nós, era uma camarada. Hoje cumprem-se os 40 dias de sua passagem, finalizando o período tradicional do luto cristão ortodoxo.
Daria não ocupava nenhum cargo público no Estado russo, seja administrativo ou militar, ela simplesmente investigava, pensava, escrevia e divulgava suas ideias. Nesse sentido, o que as forças terroristas que a assassinaram pretendiam não era tanto atingir seu corpo físico quanto aniquilar suas ideias. Com isso, evidentemente, não queremos passar uma imagem “passiva” de Daria.
Ao contrário, não podemos senão reconhecer nela o espírito filosófico-guerreiro ígneo, típico das castas altas nas comunidades tradicionais indo-europeias. Como filósofa platônica, com os pés firmemente plantados nessa tradição indo-europeia, sua guerra era travada nos planos superiores contra as potências materiais obscuras, cuja expressão política e geopolítica enxergamos, hoje, precisamente no Ocidente atlantista pós-moderno e transumanista.
É nesse sentido, portanto, que perdemos uma camarada nessa guerra santa, eterna, milenar, entre a Luz Transcendente e as Trevas Inomináveis. Mas esse sacrifício no campo de batalha (a frente, afinal, está hoje por toda parte), pelo fogo, simplesmente despertou Daria para uma nova existência. Pois hoje, seu nome tornou-se estandarte para todos os combatentes russos na operação especial militar, e para todos nós, tradicionalistas e dissidentes de todo o mundo, membros dessa “Aliança Revolucionária Global”, que tentamos travar a mesma guerra espiritual, intelectual, política, filosófica, nas frentes de batalha de nossos próprios países, em todos os continentes, contra os representantes e agentes das mesmas forças obscuras que assassinaram Daria.
Portanto, como inclusive já comentado pelo camarada mexicano Fernando Trujillo, Daria hoje é como uma Joana d’Arc, nessa “Guerra dos 10.000 Anos” contra a Anti-Tradição, a Modernidade, que alcança sua culminação em nossos dias. Enquanto símbolo, ela é eterna e sua luz nos guiará até a Vitória.
O assassinato de um filósofo, evento historicamente raro, nunca é casual, nunca é irrelevante. É sempre significativo e sempre algo capaz de revelar algum mistério. Como neoplatonista, Daria nos relembra também, em alguma medida, Hipátia, uma das últimas neoplatonistas da Antiguidade, dos tempos finais da Velha Roma, tal como Daria foi uma das primeiras neoplatonistas da aurora de um novo Império da Tradição.
As ideias que ela defendia: Quarta Teoria Política, Multipolaridade, Tradição, Noomaquia, Platonismo Político, Império, receberam seu “batismo de sangue”. Essas ideias causam terror indizível no Inimigo e há pessoas dispostas a pagar o preço máximo em sua defesa. A bandeira negra com os raios dourados do hvareno é, hoje, uma “bandeira de sangue”, como sempre foram todos os estandartes de vitória.
Em uma dimensão mais pessoal e próxima, não posso deixar de pontuar que ela sempre foi gentil e amável com a Nova Resistência e nossos camaradas. Nos recepcionou e ajudou quando enviamos camaradas a Sochi para o Festival Mundial da Juventude, pretendia combinar conosco de vir em nosso canal para uma entrevista. Na prática, inclusive, era uma camarada que eu tinha certeza que conheceria pessoalmente “eventualmente”. Bem, esse “eventualmente” agora adiamos para após o término desse Ciclo, não faz mal.
Tendo conversado com nossos camaradas após tudo isso, posso dizer, nesse momento, que apesar de tudo sinto uma espécie de certeza, de convicção superior, até mesmo de paz interior, maior do que antes. Agora sabemos do que o Inimigo é capaz e o quão longe ele pretende ir para seguir aprisionando este mundo e parasitando seus povos.
E nós aceitamos as possíveis consequências que participar dessa luta pode trazer. A luz de Daria nos guia.