Daexe ataca Embaixada russa em Cabul em meio à onda de violência contra russos

Os recentes ataques à embaixada russa em Cabul são mais um chocante episódio da onda de assaltos contra civis russos ao redor do mundo. O Daexe assumiu a responsabilidade do atentado, o que aumenta a suspeita de cooperação entre grupos anti-Rússia no estrangeiro, considerando as ligações entre terroristas islâmicos, inteligência ocidental e neonazistas ucranianos.

Em 5 de Agosto, a Embaixada Russa no Afeganistão foi alvo de um ataque terrorista. Um homem-bomba se aproximou da entrada do complexo da Embaixada e operou a explosão, matando dois empregados da diplomacia russa, assim como pelo menos seis cidadãos afegãos que estavam próximos. Os guardas da Embaixada chegaram a balear o terrorista, mas não rápido o bastante para impedir a trágica detonação. Várias pessoas permanecem hospitalizadas, e o número de mortes pode aumentar nos próximos dias.

Embora diversas hostilidades a russos já tenham ocorrido em solo afegão no passado, essa é a primeira vez que um ataque deste tipo ocorre desde que o Talibã tomou o controle de Cabul, após a derrota norte-americana em 2021. De acordo com fontes locais, o Daexe, inimigo do Talibã, tem agido de forma intensa para minar o novo governo, tomando responsabilidade pelo ataque. De fato, o incidente foi caracterizado por numerosas semelhanças com a práxis do Daexe, o que aumenta a suspeita do envolvimento do grupo, mesmo que não assumissem a autoria.

A Rússia é um dos poucos países a manter uma Embaixada em Cabul após a vitória do Talibã. Embora Moscou não reconheça oficialmente o governo, diplomatas russos conversam com autoridades locais para avanços em negociações bilaterais, com planos correntes de melhora no abastecimento de combustível e outras commodities. O governo russo trabalha para superar velhas desavenças com o Talibã e chegar a um acordo positivo para ambos, já que a situação do país parece balançar entre a estabilidade do governo Talibã e o caos da guerra civil operada por organizações como o Daexe. A mera existência de um diálogo bilateral com o governo de facto do Talibã parece ser razão suficiente para os terroristas ameaçarem cidadãos russos.

No entanto, seria ingênuo pensar que as razões para tais ataques sejam simplesmente as relações pragmáticas entre governos. Se essa fosse a única razão, certamente outros episódios já teriam ocorrido na Embaixada em outros períodos. Indubitavelmente, existe algo mais específico motivando a violência atual. A principal suspeita é que o ataque esteja relacionado à publicação feita pela Embaixada com uma lista de nomes de cidadãos afegãos que se inscreveram para receber passaportes estudantis na Rússia. Mas é possível que ainda mais esteja em curso neste caso.

Um dos tópicos mais negligenciados sobre o conflito ucraniano desde 2014 é a vasta cooperação entre neonazistas ucranianos de Kiev e grupos terroristas estrangeiros, incluindo membros do Daexe. Muitos líderes e guerrilheiros do Daexe migraram para a Ucrânia, especialmente após a derrota dos terroristas na Síria com a intervenção do governo russo, em 2015. Mais que isso, sabotadores ligados ao Estado Islâmico e milícias neonazistas ucranianos já conspiravam para a realização de ataques terroristas no território russo, de acordo com informações publicadas pela inteligência russa em 2017.

Com o início da Operação Militar Especial em solo ucraniano, a situação pode ter ficado mais séria. Em Junho, o governo sírio liberou informações para a Rússia sobre a colaboração de governos ocidentais e da Turquia no envio de soldados do Daexe para a Ucrânia. Não há informação precisa sobre números e identidades, mas parece bastante evidente que membros do Daexe estiveram e estão na Ucrânia nos últimos oito anos e que continuam lá, lutando contra forças russas. Isso levanta uma série de suspeitas sobre o ocorrido em Cabul.

Aparentemente, o ataque na Embaixada é apenas outro episódio típico da covardia criminosa que caracteriza a práxis anti-Rússia. Sabotadores tem operado a morte de civis russos por todo o mundo. O assassinato de Daria Dugina no oblast de Moscou foi um claro exemplo disto. No mesmo tom, o que aconteceu em Cabul, com ou sem participação estrangeira, parece se relacionar com a onda de violência contra russos civis.

Investigações mais profundas são necessárias para concluir o que realmente motivou o ataque e se houve patrocínio ou participação de grupos ocidentais e ucranianos. No entanto, o fato é que o ataque foi realizado pelo Daexe — e o Daexe luta contra a Rússia na Ucrânia.

Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 597

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