A França declara Guerra aos Anglicismos

A hegemonia da língua inglesa é parte da composição da unipolaridade estadunidense. Por isso, a França finalmente começa a se rebelar contra a infiltração de anglicismos em seu idioma.

A França declara guerra contra a invasão dos anglicismos nos padrões de fala de seus cidadãos além dos Alpes. O anglo-saxonismo, tão abusada em solo italiano, constitui uma deriva linguística (feia) que infelizmente não conhece fronteiras. Neste sentido, a Comissão de Enriquecimento da Língua Francesa, que se reporta ao Ministério da Cultura, estabeleceu em um documento recentemente publicado diretrizes meticulosas – obrigatórias no uso institucional – para se expressar de uma maneira fagocitada do inglês.

França, diretrizes para combater o anglo-saxonismo

Assim, o streamer é substituído pelo animateur en direct, o retrogaming (um neologismo que indica uma paixão por videogames do passado) torna-se rétrojeu video. A sigla DLC, indicando conteúdo adicional que pode ser baixado on-line, torna-se CTA, um acrônimo para “contenu téléchargeable additionnel“, “conteúdo adicional que pode ser baixado on-line”. Nem mesmo o cloud gaming (um serviço online que executa videogames em servidores remotos e os transmite diretamente ao dispositivo de um usuário) são poupados do machado antianglicismo e são transformados em um romântico jeu vidéo en nuage, “videogame em nuvem”.

É preciso pouco para evitar a barbarização

Até mesmo os eSports (competições de videogame competitivas e profissionais) estão na mira dos puristas do idioma francês agora se tornam jeu vidéo de compétition, “video game competitivo”, enquanto os praticantes, os progamers são chamados de joueur professionnel, ou seja, jogadores profissionais. Dulcis in fundo, sem mais in-game advertising, a publicidade que aparece nos jogos gratuitos. Para os franceses, é publicité intrajeu. Não é preciso muito, então, para evitar o barbarismo total: basta a vontade de querer pronunciar mais algumas sílabas. Se o inglês é mais cool (e usamos este termo ironicamente) do que nossos maravilhosos idiomas ainda ainda precisa ser comprovado.

Fonte: Il Primato Nazionale

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Cristina Gauri

Jornalista e artista italiana.

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