Kim Il Sung: O líder solar de uma revolução socialista tradicional

A gloriosa Tradição por detrás do Monte Paektu é um dos fundamentos da ascensão e do fortalecimento nacional do povo coreano. Neste sentido, para celebrar o Dia do Sol – o nascimento do líder da Revolução Coreana: Kim Il Sung –, evoca-se a raiz de uma liderança sólida à construção de uma Ideia de soberania nacional.

A gloriosa expressão da figura de Kim Il Sung está à frente do encontro do nacionalismo real e Tradicional –  perpassado pela história civilizatória de seu povo. 

Conta a História Sagrada que Dangun Wanggeom, deus-rei e fundador do primeiro império coreano, o Joseon, filho do deus Hwan-ung e da mulher-urso “Ungnyeo”, liderou seu grandioso reinado, retornando, no fim de sua vida, ao monte e transformando-se em espírito da montanha (“San Shin”, 산신 / 山神). 

Centenas de anos depois, na cordilheira da Manchuria, em período de luta pela liberdade do povo coreano, a base da liderança revolucionária acampa justamente ali: no monte Paektu. E neste solo sacro, sob o espírito da Montanha, nasce Kim Jong Il, filho de Kim Il Sun, aquele que posteriormente assumiria o legado do pai, liderando o povo e fortalecendo ainda mais a Ideia Juche pela construção da política Songun.

Portanto, não é fruto do acaso a inspiração Tradicional na construção da soberania nacional coreana, cujo poder de liderança de Kim Il Sung tem sua efetividade sob lastros de suas raízes. Não obstante, quando se trata da Tradição, é necessário trazer a definição deste termo para o contexto aqui defendido. Alain de Benoist a definirá nos seguintes termos:

Tradição é definida como um corpo coerente de princípios intangíveis e sagrados impostos a todos os quais delineiam as regras essenciais de conduta, permitindo ao homem aceder ao nível supra-humano, permitindo que o homo se separe do húmus, para passar do terrestre à ordem celestial.

No caso da Revolução Coreana, tal “Tradição” lastreia-se intimamente ao Confucionismo coreano, que molda os valores imbuídos no estilo de vida, na cultura e literatura deste povo, enfaticamente celebrada pelo líder Supremo da revolução.

Carl Schmitt, ao apresentar o princípio do líder, discorre sobre a democracia ideal, de modo oposto à ideia que se faz dela pelo liberalismo. Enquanto para este último a democracia é vista de maneira frívola, meramente temporária e sem ligações autênticas com o povo, na democracia orgânica, o líder real detém a liderança mesmo após sua partida terrena, eternizando suas correntes, sua inovação, seus feitos, devido à ligação que possui à tradição de seu povo. Seus atos ganham legitimidade nesta sintonia, visto que o mesmo detém a vontade da unidade e de ação de todo o povo.

A partir disso, é possível caracterizar Kim Il Sung na figura do Líder Autêntico, cuja imagem se reflete no animus de seu povo quanto aos valores. Foi neste sentido e finalidade que se deu a construção da Juche: ao trabalhador, à classe predominante da nação, para a emancipação do povo coreano contra a usurpação do imperialismo japonês e estadunidense.

O próprio protagonismo dos trabalhadores na Revolução reiterou o poder do Líder. E Tanto a Revolução como a construção da Ideia Juche são fenômenos de consagração social que podem ter seu caráter profundo vislumbrado a partir da Tradição: desde a origem da nação por Dangum ao Confucionismo, signos que, indubitavelmente, trazem a fé e os princípios éticos como pedras valorativas, operando concretamente em total oposição à modernidade pretensamente internacionalista (no sentido de esvaziamento de todo “nacional”).

Neste sentido, no dia 15 de Abril , se torna necessário evocar o nome do Líder Perpétuo e Supremo, Kim Il Sung, por elevar o ethos de seu povo como guia de uma nação independente e soberana a partir da revolução e da construção da Ideia Juche, sendo este um exemplo de líder autêntico, como Schmitt trata em sua obra, ao ser imortal a partir de seus feitos.

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Monique Bueno

Bacharel em Direito, entusiasta de estudos econômicos e ativista da NR-SP.

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