Antônio Conselheiro: Herói Revolucionário da Autonomia Brasileira

Hoje é impossível esquecer o nascimento de Antônio Conselheiro, líder messiânico do sebastianismo revolucionário de Canudos, figura que eleva a história política de nosso país muito além dos pequenos cálculos, dando ao Brasil uma dimensão verdadeiramente épica e mística.

“Canudos não se rendeu..” Euclides da Cunha escreve em “Os Sertões”.

O líder de “Belo Monte” (Canudos), Antônio Vicente Mendes Maciel nasceu em Quixeramobim, Ceará, aos 13 de março de 1830. Tendo um estudo superior à media de seu tempo. Estuda português, aritmética, geografia e noções de latim e francês – naquele século XIX era raro alguém ter tal tipo de estudo, o comum era ser analfabeto. Antônio ajudou seu pai no comércio, foi domador, pedreiro construtor, caixeiro no comércio, vendedor ambulante e professor primário, atuou por onde andou. Viveu os momentos dramáticos de seca, presenciando o sofrimento das populações abandonadas. Andou com missionários, inclusive conheceu Pe. Ibiapina, padre que andou 28 anos por estas regiões pobres do Brasil escravista, construindo igrejas, cemitérios, hospitais, casas de caridade, acolhendo os pobres e mobilizando fiéis e profissionais para trabalhos voluntários.

Antonio Vicente (que será o Conselheiro), se tornou um beato peregrino, onde o clero era escasso, cumprindo funções religiosas (pregar, aconselhar, batizar, puxar rosários, etc e a fazer obras como as de Pe. Ibiapina). Ele foi, bem dizer, um advogado popular, mediando conflitos e ajudando os pobres frente às injustiças.

Certa vez, estando na feira de Bom Conselho, Antônio Conselheiro arranca as taboas com as leis da República e as queima numa fogueira. A cobrança de injustos impostos sobre gente pobre que estendia suas poucas mercadorias pelo chão era insuportável!

As paragens de Canudos, pelo contrário, formavam um grande mutirão: recebiam famílias retirantes, ex-escravos, indígenas expulsos, caboclos, famintos, migrantes sem-terra. Lá, naquele lugar esquecido do semi-árido baiano, se criou a Terra Prometida dos esquecidos do Brasil.

Antes, durante e depois da Guerra de Canudos, uma forte oposição foi feita ao Conselheiro, inclusive por parte do clero. Acusaram-no de fanático, revoltoso, lunático, etc. O Arraial de Belo Monte, como era chamado, foi acusado, pelas elites agrárias, políticas e religiosas, de reduto de revoltosos monarquistas. A imprensa produziu uma série de falsas notícias, instigando o ódio ao povo sertanejo de Canudos, a ponto de 4 expedições do exército serem lançadas para a destruição do Arraial.

Nesta data natalícia deste grande herói brasileiro, a música bem diz: “A historia fará sua homenagem à figura de Antônio Conselheiro” (Ivanildo Villa Nova), canta o artista Pingo de Fortaleza e também o Gereba.

“O Sertão vai virar mar, o mar vai virar sertão” (Antônio Conselheiro)

Canudos foi uma experiência de Independência das dominações da época. Uma experiência de autonomia e resistência do nosso povo!

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José Roberval Freire

Mestre em Ciências Sociais pela PUC - SP, trabalha com os migrantes nordestinos e descendentes dos que sobreviveram na guerra de Canudos.

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