Não devemos nada ao Olavo de Carvalho e acreditamos que sua influência foi, de modo geral, péssima para o nosso país e para o estado atual do nacionalismo brasileiro, sobretudo o de terceira teoria política atual, muito contaminado pelo bolsolavismo.
Há uns 2-3 anos o Olavo de Carvalho, reagindo a um post nosso contra ele, resolveu dizer que “nós” devíamos tudo a ele, tal como todos os “conservadores” no Brasil. Não vou entrar no mérito sobre sermos ou não “conservadores”, mas a afirmação de que devemos algo a ele é testemunho do nível de narcisismo e complexo messiânico do Olavo de Carvalho.
A Nova Resistência não deve absolutamente nada ao Olavo. Não há um único elemento em nosso corpo teórico, em nossos princípios, em nossos conceitos que derive de alguma obra, vídeo, curso do Olavo ou de qualquer de seus discípulos.
A Nova Resistência é inteiramente autônoma em relação à direita neoconservadora que se consolidou nos últimos 15 anos no Brasil. Acrescento que o Olavo não nos influenciou por nos ser desconhecido. Ao contrário, os membros mais velhos da NR conhecem Olavo desde 2006-2008, boa parte leu suas obras, etc.
A realidade é que, simplesmente e sinceramente, nada no Olavo nunca me atraiu (e isso diz respeito a mim porque eu sou o criador da organização). Sempre o achei mediano, morno. Suas ideias podem ser muito facilmente rastreadas a pensadores melhores do que ele e quase todos os pensadores que ele aborda acabam deturpados.
De Guénon a Ferreira dos Santos, passando por Voegelin e Aristóteles, e basicamente qualquer outro pensador citado por ele em algum momento, seja Nietzsche, Chesterton, Evola, Heidegger, Platão, e por aí vai. As interpretações feitas por Olavo desses outros pensadores nunca me interessaram. Como eu tive contato com Dugin, Evola, Benoist et alia anos antes de ouvir falar no Olavo, nunca tive motivo para ir atrás. Para que o chumbo quando se tem ouro?
A geopolítica olavete, para piorar, é pífia. Ela não só está categoricamente errada em todos os sentidos, como é dada a sobrevalorizar teorias da conspiração desmascaradas há muito tempo, como as obras do Ion Pacepa e Yuri Bezmenov, utilizadas (décadas depois deles já terem sido expostos como agentes de desinformação) para “explicar” do Black Lives Matter à ideologia de gênero.
É possível que alguns poucos camaradas tenham conhecido o nome de Dugin pelas postagens do Olavo, mas muitos outros jamais lerão Dugin precisamente por conta das palavras de Olavo. É gente que mesmo com a morte do Olavo passará a outro guru olavete, depois a outro, etc., sempre com as mesmas teorias conspiratórias delirantes.
Então, não é por nada, sei de influência, ainda que indireta, do Olavo de Carvalho, seus escritos, ideias, etc., sobre outros movimentos, mas na Nova Resistência não houve impacto algum.
Simplesmente não consideramos Olavo um filósofo (e não por não ter se formado, o que é irrelevante), suas ideias não são instigantes, sempre fomos imunes a seu suposto carisma, seus conceitos não nos fazem sonhar acordados, não nos desperta um anseio por Roma, Império, Tradição.
Eu diria que o olavismo exige um certo tipo de temperamento que, simplesmente, inexiste em mim e nos membros da Nova Resistência. A título de exemplo, vejam agora as reações histéricas, bastante feminizadas, com delírios sobre canonização, quase no nível da histeria do pessoal do Plínio Correia de Oliveira. Não é um temperamento muito diferente das versões mais delirantes do neopentecostalismo.
Queremos distância desse tipo de coisa. Respeito quem tinha um apreço PESSOAL pelo Olavo, não duvido que algumas pessoas possam ter sido postas em algum caminho positivo (que as tenham levado a superar e rejeitar o “mestre”), mas nós não devemos nada a ele e acreditamos que sua influência foi, de modo geral, péssima para o nosso país e para o estado atual do nacionalismo brasileiro.
Concordo. O que vejo é uma sociedade mais polarizada. Já o ouvi bastante, desde 2009, e parecia a única voz sensata no mar de boçalidade. Porém, seu contínuo rancor e agressividade foram me afastando dessas ideias e “recomendações”. Não é preciso concordar com quem quer que seja, para a partir daí querer trucidar a outra pessoa.
Que o país volte a alguma normalidade, debatendo ideias, não espancando intelectualmente pessoas, aprendendo sempre, mas com serenidade.