Como Alexandre o Grande triunfou no Afeganistão

A retirada de tropas estadunidenses do Afeganistão com o avanço do Talibã recorda a retirada soviética décadas atrás, bem como outras tentativas fracassadas de ocupação permanente do espaço afegão. Não obstante, há alguns milênios, Alexandre o Grande conquistou, pacificou e ocupou a terra afegã, fundando cidades, assentando colonos gregos e deixando um legado que durou séculos. Como ele conseguiu isso?

A retirada do Afeganistão é o tema do momento. Depois de 20 longos anos, o que temos em nossas mãos, além dos mortos e feridos, é um punhado de areia e a sombra da derrota. Todo grande império fracassou naquela terra. No entanto, alguém teve sucesso no Afeganistão, e os nomes de cidades que agora são tristemente conhecidas, como Herat e Kandahar, nos dizem isso. Ambos os centros foram fundados sob o nome de Alexandria. Sim, Alexandre da Macedônia teve sucesso onde muitos outros depois dele falharam. Mas como ele fez isso? Uma narrativa completa levaria muito tempo, mas podemos nos concentrar em alguns poucos elementos-chave.

As escolhas ocidentais de contrainsurgência ignoraram muitas vezes a dimensão militar, esquecendo que os Talibãs eram uma ameaça a ser destruída. Em vários casos, os EUA e aliados se engajaram em uma verdadeira corrida por popularidade, confundindo popularidade com autoridade. Duas coisas muito diferentes, especialmente em uma sociedade como a afegã.

Alexandre tomou um rumo de ação muito diferente, porém, tendo que lidar com tribos que eram pouco diferentes daquelas que hoje habitam o Afeganistão.

Antes de tudo, o líder macedônio ofereceu à população uma alternativa tangível de estabilidade, segurança e desenvolvimento econômico. Alexandre estava bem preparado para alcançar seus objetivos sem o uso de armas, mas estava firmemente convencido da grande importância do meio bélico na contraguerrilha. Finalmente, ele se adaptou ao tipo de guerra irregular e assimétrica que se apresentava a ele na região.

Naturalmente, as ações de Alexandre devem ser colocadas em seu contexto temporal: nossas democracias nunca poderiam empreender um determinado tipo de ação hoje. No entanto, há muitas lições que poderiam ter sido aprendidas.

Talvez o mais importante é que a guerra contraguerrilha não é algo que se situe fora dos limites da estratégia de guerra. A contraguerrilha é guerra, com um inimigo a ser aniquilado.

Alexandre nunca se esqueceu disso, os ocidentais evidentemente sim.

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Davide Montingelli

Bacharel em Ciências Políticas pela Universidade de Milão, colaborador do think-tank Aleph da Universidade Bocconi. Escritor especializado em História Antiga.

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