Aproveitemos o recolhimento que o inverno nos impõe para meditarmos sobre a mais longa noite por que passa nosso país.
Na madrugada de hoje, noite mais longa e escura do ano, se iniciou o inverno. Época do ano em que, pelo menos antes da pandemia, saudamos, com fogueiras e algumas das mais belas festas populares, a chegada dos meses mais frios do ano. Um brasileiro de verdade sabe apreciar a alegria, a música e as guloseimas de uma boa festa junina. Mas qual significado mais profundo podemos encontrar nessas festas?
Independente das crenças de cada um de nós, é interessante que analisemos o significado metafísico do solstício de inverno, evento que inicia a presente estação do ano. Para muitos povos antigos, a noite do solstício hiemal era um período místico, a vitória e o renascimento do Sol, que após vencer o negrume da mais cerrada e obscura noite, retorna como um resplandecente infante redivivo, purificado e purificador. A luz derrota a escuridão e seus agentes, trazendo calor, vida e alegria ao mundo.
O homem moderno, com seu ceticismo vulgar, encara a presença do divino no mundo como mero símbolo ou egrégora. As pontes para o sagrado, em todo o assombro que causam ao mero humano, foram rompidas. Tudo é profano, o numinoso é visto apenas através de lentes psicologizantes. A tirania da Razão, que Guimarães Rosa batizou como Megera Cartesiana, pariu hordas e hordas de indivíduos cínicos perante a sacralidade do mundo. É mister que reergamos os edifícios da espiritualidade, começando pela percepção de que o deífico fala e nos ensina através dos ciclos da natureza, que são a mais pura expressão da ordem na criação. Tudo se repete, pois o divino é eterno.
O mundo, principalmente o Brasil, está afundado no breu satânico de sua noite mais escura, fria e assustadora. Estamos acorrentados nas trevas, reféns dos perversos servos da morte, que nos sacrificam no altar da traição. Mais do que nunca, precisamos clamar por luz e força, necessitamos que o sol do divino nos traga salvação e vida, só assim emergiremos desse oceano de sombras e vidas perdidas. Para abrir caminho para o Astro Rei que deve retornar, antes precisamos encontrar a luz dentro de cada um de nós e de todo nosso povo. Precisamos nos purificar na fonte solar de nossa essência, reencontrar, no seu significado mais sagrado e metafísico, o Ser do brasileiro. Esse caminho invariavelmente passa pela tradição, pelo popular e pela espiritualidade. É esse caminho que nós, da Nova Resistência, buscamos diariamente. No frio da noite da pátria, somos os arautos do Sol Invicto que queimará as trevas e semeará o solo brasileiro com vida!